quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Por que sou feminista.

Eu sou feminista porque não ando desvairada em busca de um homem que me carregue. Meu objetivo é olhar pra dentro de mim com a maior paz possível a buscar uma mulher que seja eu mesma, que seja forte e livre, eu em minha mais pura essência, sem maledicência, sem competições, sem interferências. Pra eu me conhecer e poder sentir amor livremente. Pois amor sim, amor é o contrário do poder.
E por isto é que o feminismo não é o contrário do machismo. 
Pois o machismo é a doença social que contamina parte dos homens e mulheres, levando-os a acreditar que há alguém lá fora que deverá me controlar enquanto eu choro por dentro. Que poderá sentir-se no comando do meu corpo e dos meus sentimentos.
Já o feminismo é a cura para a desigualdade que o mundo ao redor impõe a homens e mulheres desprevenidos.
A mulher que há em mim, diferente do machismo, não pretende dominar ninguém, mentir, arrastar pelos cabelos ou fazer jogos de poder ou cometer abusos com quem a cerca. A mulher que há em mim é feminista porque luta pela simples e óbvia meta de apenas ser livre e não ser agredida e excluída por isto. A mulher que há em mim não quer rolar no chão com ódio de outras mulheres a disputar o nada de um triste fim a serviço de um senhor.
Eu sou feminista porque eu não preciso de um homem que me aponte os caminhos, eu preciso apenas de mim, do meu espelho e da consciência de que cada um é um, independente do gênero. 
Eu sou feminista porque não procuro um homem, procuro a mim.

Não passaremos.

Os dias estão lindos e floridos. Ontem o céu era um vasto azul, limpinho, nenhuminha manchinha do algodão das nuvens.
Calor, é verdade. Mas vida. A força da natureza.
Uma pena tanta gente sem educação, alienadinhos, lavando calçada de mangueira como se encontrar água fosse fácil como encontrar egoístas.
Tá, mas eu quero falar de coisas legais que sinto quando tá calor e dá pra sair meio pelada pra rua. Eu sinto, de repente, que a natureza vai vencer esse jogo, sabe... Porque pra ela não existe um jogo, só oxigênio e ciclos.

Por exemplo, há uma pracinha que é como o quintal do meu prédio, fica logo atrás. Era pomar também, mas agora estão matando as árvores frutíferas.
Muito da matança das árvores por ali, segundo dizem vizinhos que acompanham mais de perto, era obra de um comerciante que via as árvores como culpadas pelo pouco movimento em seu comércio. As árvores atrapalhavam a vista da sua placa à distância, as árvores poderiam ocultar até maus elementos, as árvores eram o problema de sua vida de empresário sem lucro. Assim, ele cortava a facão, a mão, a serra, com força do pensamento. Tudo valia, até ligar todo o tempo para a SMAN e pedir em nome de todos nós, vizinhos, para que tirassem todo aquele verde dali, pois estaríamos com medo de seres do mal ocultos pelas árvores.
Diante de tanta insistência, veio a SMAN uma, duas, três vezes. Assim, ficou meio sem sombra, está mais calor, menos namorados às tardes, menos piqueniques, menos pássaros.
Bem, a matança não gerou mais negócio pro empresário, óbvio. Ao contrário, caiu mais o movimento e ele passou o comércio adiante antes que fosse tarde. Dizem que o novo dono quer fazer as pazes com o parque. Tomara.

E as árvores? Assim, uma figueira para "quem" já tínhamos feito até tristes despedidas, parece começar a ressuscitar do nada, qual fênix. Um sinalzinho de vida, um milagre!!
Um pé de acerola, mortinho da silva, decepado a facão, um nadinha no meio de um canteirinho seco, começa a mostrar um pequenino galho verde com 3 ou 4 folhas, ressurgindo... 
Nem todas, claro, irão renascer dos cinzentos momentos de fúria do homem. Entretanto, algumas estão mostrando a força que tem a natureza. 

O que eu quero dizer com isto? 
Quero dizer que, pra mim, apaixonada que sou por terra, chuva, cheiros, bichos, mato... Eu acho que nós, idiotas infantis metidos a donos do brinquedo, quando nos dermos conta que a vida não é brinquedo e muito menos estamos no controle dela, estaremos num fim fedorento, comendo cimento. 
Nós morreremos, estaremos fodidos, pequenos, sem ar e sem água. Sobre nossos cadáveres sequinhos, após o último suspirosinho, ressurgirão as árvores e corredeiras e danças de asas, mares e orixás. Uma festa digna, um sambinha legal!
E nós, extintos sob nossos entulhos, engolidos pelo tempo, com moedas nos bolsos poeirentos e latas enferrujadas iremos sumindo, sumindo até nunca mais, ninguém, nenhum ser do futuro lembrar que existiu uma gentinha pequena, sem pelo, que nem pelada andava e que achou que conseguiria matar tudo o que via pela frente e reinar sozinhos, mastigando cinzas, brindando com chuva ácida. 

Minha previsão feliz é que nós, imbecis, cairemos. Nós não passaremos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tudo é uma questão de ambiente.

Cada ser é um mundo.  Ambiente. Clima. Curvas. Ângulos. Veias e órgãos. Mente.
As máquinas também são assim. No meu trabalho, ando com várias máquinas. As mais constantes são os notebooks e as câmeras. Os projetores são românticos e diretos, as multifuncionais tem um certo ar de eu me basto e, com isso, não fazem muita amizade, ficando ali impávidas em seu altar, fingindo frieza mas preparando alguma surpresa.
As câmeras são sexuais, tanto ou até mais que os instrumentos musicais (sendo que esses não são máquinas, os citei sei lá porque).

Câmeras... Durma com elas e não acredite em frescuras e manuais a respeito dessa relação. Só é preciso ser muito íntima e inseparável até que ela adivinhe o que você sente e vice versa.
Os projetores não se importam de viver em armários e saletas obscuras. As câmeras não. Elas competem com tudo e todos, namorados, filhos e com a hora do almoço.
As máquinas de costura são um pouco assim também, mas elas são menos possessivas. Ao menos no meu caso, elas são românticas como os projetores. São lânguidas, entende?

Para conviver bem com máquinas a estratégia é oposta ao modo como se faz para conviver bem com pessoas.
Pra ter bom relacionamento com gente você só precisa dar e receber espaço. Manter uma certa distância, não dizer tudo, não falar sempre, não amar totalmente, não querer demais, misturar só um pouco e ter cautela. Gente teme.
Mas com as máquinas é absolutamente diferente, basta se tornar íntimo. Tudo é uma questão de ambiente.

Por exemplo, eu uso um note só pra edições de vídeo, outro só pra projeções, outro pra todo o resto.
Assim, o note de todo o resto é como um órgão do meu corpo. Nos conhecemos, dedos, gestos, idiotices, vícios e manias. Nunca brigamos. Se fosse gente, bah!, já seríamos inimigos. Ninguém convive tanto e se conhece tanto sem declarar inimizade cedo ou tarde.
Mas os outros notes, se me demoro dias pra retomar um trabalho, a relação esfria e preciso me inspirar pra reacender a relação. Olho para eles ali fechados na bancada. Eles, talvez magoados não olham pra mim. Levo enorme tempo pra me sentir a vontade no ambiente deles, atraso trabalhos.

Minha fixação por inventar coisas me faz ter uma boa relação com furadeiras e serras elétricas e nunca tive muita intimidade com os secadores de cabelo, acho eles meio burros. Não me dou nada bem com as máquinas de lavar e aprendi que cafeteiras não pensam. E isso é sério, as cafeteiras são as únicas máquinas que não tem vontade própria.

Não falei em carros porque são apenas crianças que não sabem tomar banho sozinhas.
E os celulares? Acho eles muito sem personalidade.