segunda-feira, 31 de março de 2014

Early In The Mornin'

Esses 69 minutos e 57 segundos são o mais fantástico resumo dos céus e infernos do homem moderno. É madrugada...



Em série.

Sim, os filtros do instagrão são bonitinhos e os celulares estão super modernos. 
Mas o olhar, as lentes, a liberdade e a paixão de um artista da imagem continuam sendo únicos. 
Nem sempre é legal padronizar o nosso espelho.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Peixes

Ontem, eu e o Mappa Doji fomos VJ Cler.i.Cot num show do Flu. Detalhes da nossa ocupação efêmera eu conto depois. Agora queria dizer que, entre tantas pessoas leves que a gente encontra em reuniões proporcionadas pelo FLU, estava o Luís Nenung, que deu uma canja de três canções, entre elas Peixes,

que é uma das letras com as quais mais me identifico quando penso sobre nós, humanos.





Metropolis 1927 Full Movie

A boa da noite?



Fritz Lang, 1927.



terça-feira, 25 de março de 2014

Outsider


A minha felicidade é isso.
Assim, alienada, sem referências. 
Mas dizem que sou referência. Pelo jeito, é algo bom.



Xalálá lálá

Já totalmente incorporados dos VJs Cler.i.Cot, estamos aqui no meu estúdio preparando as projeções para o Acústico Flu no Solar Coruja.
https://www.facebook.com/events/685624971481386/

Lovin you

domingo, 23 de março de 2014

A goldfish


Um peixe dourado.

Distraio-me dos ciclos e recorrências.  Sobre esquecimento? Já nasci sabendo.  De concreto só um milésimo de segundo.  

Pé de vento, ruflar de asas, pulsação. O antes é nulo, lavado e sem marcas como um futuro vago, desimportante. Só há o que é, agora. Eletricidade. Esqueço tudo, esqueço muito, desacredito breve. O silêncio sem a tua voz te mata em mim, um sopro qualquer que levou  o teu cheiro, a sombra apagada, réstia fugidia. Pronto, já somos pó.

Creio na memória das coisas, não em falsas lembranças, manipuladas pela interpretação inteligível.
Não! Prefiro as pedras, os sofás rotos, gavetas, vestidos mofados, papéis amarelados soltos em casas abandonadas que conversam com outros lugares ermos, arquitetura em outra dimensão.
Bules de chá trincados contam histórias reais, basta ficarem esquecidos no fundo lodoso de um poço, intactos. Baús ocultos falam a verdade desintegrada. Sensação que só certo espaço-tempo traduz para o além, longe da ciência, da lógica, o limbo. Nunca uma voz treinada em artigos e consoantes poderá juntar milhões de peças espalhadas, flutuando num mosaico autônomo.

Memória de gente é mera alucinação. A realidade são fantasias de vitrine passeando por consultórios de terapeutas, cartilhas, orações e fórmulas.  É arqueologia de cacos desenhando cruéis conclusões. 
A invenção só me vale quando não explica. Organismos ilógicos, elementais, elos etéreos muito além da rigidez (flacidez?).

Dispenso a necessidade da presença estática e abraços mecânicos. A gana de provar que há – e o que há? - é o limite que desprezo com todas as forças. Míseros 5 sentidos.

Mil anos dentro de um segundo. Um mar em uma gota. Não quero reconhecer você ou a mim nas rotinas. Aprenderei um novo você, outra eu a cada vez, em cada fragmento. Me é insuportável a dor das previsões a sufocar as surpresas e delícias do medo diante do vasto desconhecido. Nós sob o manto da invisibilidade. Tudo é coisa alguma. Nada sei sobre isto, sobre aquilo, sobre você, a respeito de mim.


Eu esqueci, foi só então que te vi.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Last Days

Cineclubinho com vinho no meu blog \o

Filme de hoje é do mestre Gus Van Sant:
Last Days

Ok, estou assistindo um DVD sem legenda porque ando treinando meu ingreis. Mas acho que vale esse link.

Boa sessão!





Cler.i.Cot no Flu Acústico !!!

Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí levando o projetor debaixo do braço, laialailá.
Dessa vez encarnarei a Cler.i.Cot no show FLU Acústico no Solar Coruja  do querido Flu Santos.

Clica pra conhecer um tanto das minhas andanças como Cler.i.Cot :)
VENHAM DIA 27 

Retomando o projeto de shows acústicos no Solar Coruja, dia 27 de março (quinta-feira), recebemos o baixista do DefallaFLU, para uma apresentação super intimista.
Com a ajuda dos amigos Quatronazzo da Silva e Cristiano Sassáapresentará versões acústicas, psicodélicas do disco Rocks e algumas mais antigas! Participação muito especia de Maurício Chaise na guitarra!
Projeções de Biah Werther Venha depois do trabalho se divertir!! Ou de casa, do parque, de outro bar... O bom é que tudo acontece cedinho!!
Foto Quiti Dias
Ingressos: R$20, com direito a um chope.
Início: 19h
Endereço: rua Richuelo, 525, Centro Histórico. Porto Alegre/RS
Mais informações: comunica@cervejacoruja.com.br ou (51)3095.0525


To a phallic world

Amizing PJ!



"Can you hear can you hear me now
I'm man-sized"



quinta-feira, 20 de março de 2014

Mulheres Caricatas

Afinal, quem tem medo de mulher na publicidade feita no Brasil?
As empresas de pesquisa, os departamentos de comunicação das grandes marcas, que aprovam essas campanhas e tentam dialogar com uma mulher que morreu nos anos 1950? Ou seriam as agências e produtoras de publicidade que nunca viram uma mulher de perto?

A moça rançosa, de bobs na cabeça e cérebro de minhoca servindo o marido e divulgando tv a cabo. Outra mulher, muito burra, que reclama com o marido porque a levou ao cinema, onde não tem controle remoto (???)
Todas as empresas de materiais de limpeza... Se alguém lembrar mais algumas, por favor complemente, 
pois são piadas tão fraquinhas que acho ridículo na hora e depois esqueço.
Garota burra que vira capacho porque o cara é um playboy de vitrine e tem um carro zero?
Menina sem cérebro que vira objeto sexual só porque o cara usa desodorante e enxaguante bucal?

Certo, não vamos aqui ficar tentando descobrir porque esses empresários ricos ainda não viram que seus comerciais com mulheres múmia não aumentam vendas.  Ninguém fica procurando referências estéticas antes de sair pra comprar sabão. O que vende é a rotina de cada um de nós que consumimos. Aqui na minha casa, por exemplo, só compramos o que não agride tanto a natureza e não tá na tv, mesmo sabendo que são produtos mais caros. Cada lar é um lar. 

E tem mais: grande parte dos lares é mantido por solteiros, solteiras, casais homossexuais, famílias que misturam bichos e gente...
Você (mulher ou não) vai ao super mercado e compara preços e qualidade ou, na pressa, pega o que está mais a mão. 

A verdade é que homens adoram lavar louça e se disponibilizam até  comprar nossos absorventes na farmácia. Não é de hoje que ir às compras é tarefa de homem em muitos lares. Meu pai se divertia a beça no super mercado.
Algum adulto teria que atualizar o modelo, explicar pra esses guris publicitários que mulheres casadas não são uma produção em série de senhoras de rolos na cabeça e robes manchados de peixe frito. 

Tenho uma teoria de que até é compreensível as agências estarem apinhadas de guris de apartamento machistas, criados a coca-cola, empanados industrializados e hambúrguer de plástico. Afinal é o perfil dos aprendizes de propagandismo nas mil e uma escolinhas. Não se pode esperar que eles adivinhem como é o mundo real, se só conhecem aquelas mulheres dos comerciais que passavam entre uma transformação e outra do pokemon. Não se pode exigir que adivinhem como é uma mulher adulta na intimidade e que saibam que o tutorial que lhes deram já venceu e mofou na prateleira há uns 30 anos, pelo menos. 

Mas vejam, daí a um empresário de meia idade, do alto de sua gravata e sala de reuniões, aprovar esses teatrinhos de colégio há um elo perdido do tamanho do triangulo das bermudas.

Esse povo "criativo" anda precisando tomar mais todinho :D


Robô Gigante

Queridos amigos da minha rede, essa é a Robô Gigante, banda de amigos

que são caras foda em tudo o que fazem desde muitos anos.

O RS anda coxinha demais? Simmm, mas o róque segue

da melhor qualidade. Digamos que é uma espécie de ação e reação.

Afinal, nem todo o robô é chato e cansativo ;)

HAVE FUN!












terça-feira, 18 de março de 2014

Exposição Ambulante

Estou procurando um lugar legal pra colocar minha micro exposição de levar no corpo. E, claro, estou montando vários novos pra vender. Curte minha página Clandestina pra conhecer e comprar. E se souber onde posso fazer um display pra expô-los, me dá uma dica?

segunda-feira, 17 de março de 2014

Abissal



.
.
Toda a vez que morro,
tomada por tamanho fim,
mastigo nuvens, perco as asas.

Vazia, casulo, emudeço.
Abissal, escorro.

Num parto, floresço.
Inteira, ressurjo de dentro de mim.

Desmemoriada, me ofereço de novo, 
assim.
.
.
.

terça-feira, 11 de março de 2014

Grão


Sobre Outro Lado 
cada partícula tem sua própria memória
seus caminhos ocultos
as fronteiras veios galhos e raízes
solstícios
todo pedaço de mim se perde em vultos fictícios




domingo, 9 de março de 2014

Dione

Assistindo a biografia do Dioni Dépi no canal Arte 1 eu meio que vejo a biografia da minha geração. Todos nós gostamos, agimos e pensamos tudo isso. 
Desde ver os beatniks e Marlon Brando como deuses até ter uma banda de roquenrou como uma necessidade fisiológica e casar com 20 anos e morar em algum lugar exótico e sermos proprietários de um bar cheio de pessoas drogadas e fugir da vida normal. 
Há muitos atores incríveis que não queriam ser marionetes nesse tempo dele. Qualquer hora preciso escrever a sobre isto.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Dia internacional de cortar o dedo.

Eu tenho um filho homem. Mas homem sou também, todos somos, assim como todos somos mulheres e isso é fundamental.

Quando ele era pequeno tivemos todas as experiências de uma família jovem e livre dessas preocupações. Homens lavavam a louça, claro, hehe. Sempre me cuidaram tanto, como se eu fosse uma princesa. Contudo, eu era meio sapata mandando nos dois. Se é que me entende, quero dizer que seres que amam não tem um sexo definido.

A vida corria leve nos anos 90. Ninguém no meu mundo preocupava-se com gênero porque eramos todos de paz, filhos e netos de um senhor ateu, comunista que teve a sorte de estudar latim na infância e leu várias vezes a bíblia como quem lê filosofia, literatura e política.

Já no início do novo milênio, meu irmão mais novo se descobriu homossexual.
Meu pai tinha uma mania de chamar em separado cada um de nós para dar uma volta de carro e ter conversas secretas que nos faziam pensar que ele tinha um grande pacto com cada qual. Na noite em que o velávamos rimos muito descobrindo que, de fato, ele apenas nos enrolava, como quando minha mãe mandava ele nos dar um corretivo e ele se trancava no quarto e, geminiano, dava palmadas na cama pra fingir que nos dava tapas na bunda. Minha mãe fingia acreditar, pois a fodona mesmo era ela. Para ele eramos todos iguais, mas queria que cada um se sentisse especial. Aquele homem forte que lutava como uma fera para sustentar todos nós, era o mesmo que nas madrugadas antes de páscoa e natal, mesmo desacreditando dos santos, organizava nossos sonhos decorando ninhos e pacotes iguaizinhos pra não destruir nossas fantasias. Um homem mulher.

Foi nesse clima que ele saiu de carro com meu irmão e conversaram sobre sua opção de (não)gênero. Meu pai o abraçou, como abraçou minha irmã quando lá pelos 16 anos ela sumiu de casa por quase 3 dias e ficou numa comunidade de malucos que moravam numa casa toda pichada. A polícia procurando, a mãe chorando e meu pai vai buscá-la no tal coletivo. Ao invés de castigá-la ou arrancá-la daquele antro pelos cabelos, ele a abraçou, chorou e a levou pra casa, conversando baixinho sobre a vida e a liberdade. Foi assim que ele agiu com meu irmão homossexual.
Mas nem tudo são flores. Ele passou a preocupar-se imensamente com as perseguições aos gays. Lia notícias de jornais sobre jovens espancados, via matérias de tv sobre homossexuais sofridos. Meu irmão não aguentava mais meu pai ligando pro celular as duas da manhã preocupado em saber se estava tudo bem, quando ele estava apenas divertindo-se na Cidade Baixa como todos os jovens normais.

Essa é a minha família de um pai ateu que já morreu mas deixou tantos rebeldes soltos nesse mundo a defender o respeito ao indivíduo em nome de um coletivo saudável.

Sobre o dia da mulher, coisa que acho estapafúrdia mas sei que muitas organizações sérias aproveitam pra belas campanhas, tenho um relato bem atual, informal, pequeno.

Hoje meu filho me visitou pra me ajudar com umas coisas no ateliê. 
Em certo momento estávamos na cozinha. Eu fazia os sanduíches que ele mais gosta, pois como mãe que não faz o trivial todo o santo dia, sempre que alimento meu filho sinto como se a vida valesse a pena.
Minha cozinha é como da minha mãe, de conversês filosóficos
De repente, cortei um dedo como sempre e meu filho começou a me dar conselhos e refletir sobre minha mania de machucar o tempo todo as minhas mãos que são a minha principal ferramenta de sobrevivência.
Respondi a ele que isso se dá apenas porque mulheres fazem muitas coisas ao mesmo tempo e se distraem e trololó.
Eu lhe disse:
- Mas filhinho, embora as meninas que convives e namoras sejam da tua idade e muito jovens, com certeza já devem dar sinais do que é uma mulher. Nós fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, pensamos mil assuntos no mesmo instante, é de nossa natureza. Por isso às vezes acabo me machucando.

Então ele me respondeu com ar de mestre capricorniano:
- Mãe, eu sou homem mas nisso sou tri mulher. Também tenho a mania de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Homens são mulheres também, mãe. Sei exatamente do que estás falando.

Para mim, mulher, e para as pessoas que me amam, o mundo é tudo e todos, assim como o corpo de cada alma humana tem todas as cores, sexos, todos os sabores e gerações. Pra nós, é assim que se salva um planeta. 

Defendo que não é um dia, é a eternidade.

Gentilezas \o/

quinta-feira, 6 de março de 2014

Que tipo de blog é o seu?

Diálogo nonsense in box no feicibuque:

- Oi, eu desenvolvo blogs e dou consultorias. Achei a forma do teu blog bonita, mas seria melhor tu definir sobre o que tu quer falar, até pra no futuro obter lucro com ele. Olhei as tuas fotos de perfil, tu é muito fotogênica. Pro teu estilo, acho que deverias fazer um blog de tendências. As meninas que optam por temas como maquiagem, estão bombando!
- Puxa, legal. Mas eu quase nunca uso maquiagem 
- Sério? Nunca vi uma menina que não se maquie. Mas você pode escolher falar de beleza, cabelos.
- Bah, eu nunca vou no cabelereiro, eu mesma corto os cabelos em casa.
- Vc tá me tirando?
- Não, não.
- Olha, um conselho de homem. Mulher sem vaidade acaba sozinha.
- Eu gosto de solidão 
- Tá certo. Que tipo de blog é o teu? Feminino?
- Hum, não sei.
- Kkkk Sério? Você não sabe o tipo de blog você faz?
- Ah, não quero tipificar, definir gênero, enquadrar....
- Mas se não tiver um estilo não tem visitação.
- Tudo bem, eu tenho um fã. Ele nunca me deixa na mão 
- Puxa, você além de burra é grossa, hein? Te larguei!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Jean Vigo e eu.

 biAh weRTher para Gesto Submerso. Self Portrait
Vivi um pequeno desconforto tentando publicar o texto de apresentação do meu projeto underwater, o Gesto Submerso  em seu novo site. É sempre assim comigo, quero tudo quente, nada acadêmico. Portanto, me deixo demorar a vontade e foda-se.
Mas precisava seguir atualizando o site do projeto, então hoje tomei coragem e mergulhei.
Sabem o que?
Descobri nas profundezas do passado que minha inspiração está numa cena de Jean Vigo!
São motivos complexos e emocionais, momentos de início de carreira a beber com amigos dissecando os surrealistas madrugadas a fio.

Quem me lê sabe que não escrevo críticas ou resenhas. Escrevo diários, relatos, memórias, ficções e desejos, portanto não vou aqui dar aula de Vigo, esse cara que me remete aos sentidos na intenção mais subjetiva. Mas afinal, se não for assim o mundo fica mudérno e chato.

Já organizei e programei cerca de 300 mostras aqui no Brasil e também em outros países, já fui convidada a debater outras dezenas e, por fazer parte de redes onde pensar os trabalhos é fundamental, em muitas ocasiões fui convidada também a escrever sobre esse cinema que habito e não está na tv ou no xópin.
É um processo de vida onde, direta ou indiretamente, vivo as décadas de 1930 e 60. Referências fundamentais.
Em tempo, apesar de amar o ambiente dos meus textos até o momento da publicação, costumo  nem mesmo ler novamente depois que se tornam públicos (pretendo superar a auto-crítica e postar nos repertórios do meu site novo).
Mas enfim, quem conhece meus textos sobre cinema por algum outro meio ou porque me segue, sabe que nunca faço críticas. Nunca escrevo aquela avaliação com começo meio e fim e impressões que pouco importam (com todo o respeito aos blogs de cinema, claro). Talvez porque os cinemas que faço e os cinemas que me inspiram não  tem esses formalismos explicativos ou porque tenho preguiça de análises óbvias.

E o Gesto?
É que os cineastas chatos, odiados pelos consumidores de cinema pipoca, os escritores malditos, os fotógrafos cabeça, os artistas insuportáveis, os músicos incompreensíveis são meus heróis. Todas as vezes que me encontro em processo criativo, eles tomam conta, feito orixás, sem que eu perceba e me ajudam a forjar conceitos e imagens, como se suas sombras, vocábulos e sinais fossem o mosaico que me formou como artista e mulher. Os gênios que me movem são como pais. Sinto-me íntima a ponto de almoçarmos juntos às cinco da tarde, como se viajassem comigo a discordar das minhas impressões acerca do vasto mundo. É como se abrissem o meu espumante de madrugada porque estou sempre com as mãos muito machucadas e me doem. E daí, esses meus ídolos ficam me observando bebericar e trabalhar no meu estúdio em dez projetos ao mesmo tempo. Eles estão em filmes, sonhos e recortes e também nas fotos que eu faço.
Isso são coisas da minha geração.
Quem da minha idade já não fez sessões Truffaut com os amigos, já não programou os surrealistas em mostras, já não os bebeu noites a fio?

Assim, descobri de onde tirei meu Gesto Submerso.

Exibimos L"Atalante, de Jean Vigo, pela primeira vez em 2001, na Mostra do Filme Livre, do Cinema8ito e do carioca "Incinerasta" no CCBB do Rio de Janeiro. Era um evento de uma semana que tinha dezenas de filmes livres, nossos e dos nossos heróis e oficina de cinema desconstrução. Momento fundamental pra muitos coletivos de cinema de todo o país. A MFL virou um festival incrível, levado pelo seu idealizador e é, a meu ver e depois que deixamos de fazer o Festival do Livre Olhar que era do mesmo naipe, o evento mais honesto e livre do cinema brasileiro.

Outro dia, assistindo novamente L'Atalante, percebi que esse filme nos inspirou duas vezes. A primeira quando fizemos uma música que se chamava Underwater, lá por 1996. Depois, muito mais diretamente, quando comecei em 2010 meu projeto underwater com câmera lomo e caixa estanque (agora estou em fase de câmera digital), o tal Gesto Submerso.

Vejam só como justificativas são tolices e conceitos não são sinônimo de início. No meu caso, os temas podem ser tão casuais que necessito discutir os trabalhos e dissecá-los ao invés de escrever resenhas sobre minhas referências. Há inclusive meras cenas que me inspiram, tão imensas suas almas. Por exemplo, certa sequencia do filme  Zorba the Greek que me levou a escrever um roteiro de curta ainda não filmado.

É por isso que discordo de quem não gosta de discutir e aprofundar-se, mas isso já é outra história.

E não vou aqui falar sobre Jean Vigo, porque seria tendenciosamente apaixonada e porque meu nome não é google. Um mínimo de curiosidade, por favor. Nem vou escrever textos duros e professorais sobre a obra prima L'Atalante, mas quero dar o link do momento do filme que me parece ter sido a inspiração do meu Gesto Submerso, não deixando de salientar que é um dos 50 filmes da minha vida. Sim, eu faço listas dos melhores isso e aquilo!


Para sempre, todos emigram.

Vou
Vou pregar na parede
Um pedaço de céu
Que você me mandou
Vou buscar outra constelação
Entre a noite que vai
E o dia que vem
Eu canto aqui
Eu olho daqui
Eu ando aqui
Eu vivo
Canto aqui
Eu grito aqui
Eu sonho aqui
Eu morro...
(morro)
Vou
Vou riscar no meu braço
Um pedaço de mar
Que você me deixou
E criar outra recordação
Do primeiro lugar
Que acordei pra te ver
Eu canto aqui
Eu olho daqui
Eu ando aqui
Eu vivo
Canto aqui
Eu grito aqui
Eu sonho aqui
Eu morro...
(morro)
Cordel do Fogo Encantado


sábado, 1 de março de 2014