sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Franz Fanon já morreu há mais de 50 anos, mas é tão atual, tão corajoso, tão humano... Muito fala de nós, os pós e, se tivéssemos coração e gostássemos de ler os pensadores não brancos, por certo ele estaria entre os textos que emocionam e uns enviariam links para os outros pelo celular. E isso ajudaria a abrir as nossas cabeças vazias de pontos de interrogação antes de papagaiamos manchetes alarmistas de falsos jornalistas loucos por defender homens que vivem de vender dinheiro. E nós questionaríamos as definições de fronteira quando víssemos crianças sem pátria sendo assassinadas e não sairíamos para jantar a resmungar "eles que se entendam".
Em setembro de 1961, meses antes de o Fanon morrer, Sartre assinou o prefácio do livro "Os Condenados da Terra". Escreveu ele:
"Não faz muito tempo a terra tinha dois bilhões de habitantes. Isto é, quinhentos milhões de homens e um bilhão e quinhentos milhões de indígenas. Os primeiros dispunham do Verbo os outros pediam-no emprestado. Entre aquêles e êstes régulos vendidos, feudatários e uma falsa burguesia pré-fabricada serviam de intermediários.
(...)
Leiamos Fanon: descobriremos que, no tempo de sua impotência, a loucura sanguinária é o inconsciente coletivo dos colonizados." Jean-Paul Sartre

De verdade, isto sim me leva as lágrimas, nunca as notícias dos jornais fofoqueiros mal diagramados ali na frente da padaria. Fanon transcende tempo e espaço, etnias e dogmas, é mundo real. No meio da guerra, sinto ele como um dos imprescindíveis num exercício de aprender a ser gente. Ele e outros tantos que não lemos porque preferimos os resumos preguiçosos pós-mudernos.

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