terça-feira, 29 de abril de 2014

Jazz

Hoje tem a "JAZZ TANTÃ" no Bar Opinião com degustação de cerveja  É um festival muito legal! 
(foto: biAh weRTHer) 





sábado, 26 de abril de 2014




...............................................................................................um silêncio
                                                                                                               que são dois







sexta-feira, 25 de abril de 2014

no name


O coração inquieto, as projeções, a lama e o gatinho perdido.

O espetáculo de ontem foi lindo, a banda Músicas Intermináveis pra Viagem, pra qual fizemos cenários efêmeros, ficou muito feliz e agradecida; o público foi só elogios no final. Fazer meu trabalho num teatro é sempre muito emocionante. Aquele sinal pra avisar que vai começar dá uma sensação inexplicável. Porém, por contingências que só os exus e deuses dos equipamentos eletrônicos entendem, foi daqueles dias em que você tem vários problemas técnicos sem explicação outra que não seja a transcendental. Sim, tem dias que problemas que não aparecem nos vários testes, resolvem surgir assim que a luz se apaga e a adrenalina da responsabilidade é como pular de um penhasco sem paraquedas. Penso que meu notebook e projetor principais ficaram com ciúme porque, de repente, na passagem, fomos passando as idéias mais legais do set para a outra bancada. Ok, quem usa bigmac vai dizer que meu problema tá é no windows.
Esse caso entre eu, projetores, câmeras e programas de edição é um vício, só que a batida demora muito mais tempo. Talvez porque só faço o que eu gosto, continuo apaixonada e sem chão. As rotinas estragam as relações de amor, então melhor correr os riscos do inesperado.

Bom, fiquei pilhada até de madrugada, tomando um malbec, escutando Gal Costa e postando na minha fanpage algumas fotos do espetáculo.

Já pela manhã, sonhei que eu pegava um ônibus cor de laranja e ele ia pra algum lugar na periferia da cidade. Dentro do coletivo havia uma bebê felino preto, abandonado por algum sacripanta. Na falta de alguém que quisesse assumi-lo, resolvi levá-lo comigo, pra cuidá-lo até arranjar um lar.
Descemos numa rua que era só lama. Parecia um campo de obras em dia de chuva.
Caminhava com dificuldade ali e, pra piorar, o filhotinho pulou do meu colo. Comecei minha aventura tentando capturá-lo naquele ermo lugar desconhecido e barrento. 

Acordei a uma da tarde. Céus, como preciso viajar! Desde fevereiro não sei o que é sair daqui. Outono, preciso organizar minha cabeça e meu coração, parar de enrolação, decidir pra onde vou antes que comece a enraizar. A cada dia acordo decidida a ir pra algum lugar. Hoje é São Paulo, ontem foi o Rio, sábado passado era Montevideo e no início do mês estava pesquisando as passagens pra BsAs. Talvez, se eu voltar a produzir o Cinema na Mochila... que daí eu vou pra onde me chamarem. Era tão mais fácil aquela época.

O que será que significa sonhar com lama e um gatinho preto abandonado?

Olha só, não quer visitar minha fanpage, a página Clandestina? Estou postando lá fotos das projeções VJ de ontem :)

Enquanto isso, vou ali no pilates, fazer 300 abdominais. Vai que me decido por morar na praia e projetar nas dunas!


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Spoiler

Ou melhor...
é mais um registro de teste técnico-artístico do que um spoiler, já que nós faremos edições in loco no Teatro Bruno Kiefer amanhã, no espetáculo de 10 anos das banda M.i.p.V.
A cada vez é diferente :)


terça-feira, 22 de abril de 2014

Hey pessoal 
Publiquei mais um pedacinho da série Moscas Volantes. O conto que postei hoje é de 2005, segundo texto do meu livro nunca publicado 
http://biahwerther.blogspot.com.br/p/moscas-volantes.html

beijos

domingo, 20 de abril de 2014

Zabé da Loca e Escurinho - Saí de Casa

A onda dentro da onda.

Eu dentro dela vendo o mundo a rodar.

No vai a vem a vida passa ligeiro, eu vou lá pro terreiro ver a onda passar.



quinta-feira, 17 de abril de 2014

Coletivamente

Musik für Vernissage
experimental, work in progress, ambient, garage, instrumental, improvised
guitar-project com Laura L (M.i.p.V)
+ special guests:
VJ biAh weRTher
Rodrigo Leszczynski - drum machine-effects-samplers/ experimental, lounge
Guilherme Darisbo - guitar/experimental
warm up do Centro Cultural Tony Petzhold

Film by Marcelo Monteiro
Porto Alegre - Brasil
2013



quarta-feira, 16 de abril de 2014

Tanguito

NOVO, de novo

Apoio Estúdio Hybrido
Projeções de biAh weRTher durante performance de LauraL em 2013. Apoio Estúdio Hybrido. Cenas do filme Hollyood sem Filtro de Luíz Rosemberg Filho.

Músicas Intermináveis Para Viagem (M.i.p.V) é uma banda experimental radicada em Berlin. 
Sempre que eles vêm ao Brasil cuido de elaborar vídeo-arte e cenários efêmeros de luz projetada.
Dessa vez será na Bruno Kiefer. Apareçam  A banda é incrível.
"M.i.p.V + 10 !!"
show de comemoração dos 10 anos da banda
com LauraL (guitar), Pitchu Ferraz (bateria), Guilherme Tiesen Netto (bateria)
e super special guests:

Flavio Flu Santos (guitar)
e biAh weRTher (visuals)

dia 24 de abril (quinta-feira) 21h
no Teatro Bruno Kiefer, Casa de Cultura Mario Quintana (Porto Alegre)
Ingressos a 15 reais.
Em 24 de abril de 2004 a M.i.p.V fazia seu primeiro show em um bar da zona sul de Porto Alegre. De lá para cá, foram dois discos, festivais, trilhas sonoras para videos, filmes, teatro e tv, e shows pela America Latina e Europa, onde a banda está baseada desde 2009, em Berlim (Alemanha).
Em 2014, a banda faz show em Porto Alegre para celebrar esta data, tocando em um dos espaços mais clássicos da cidade, que é a Casa de Cultura Mário Quintana, com as projeçoes e imagens da VJ, cineasta e videoartista biAh weRTher, com colaboração do artista plástico Marcelo Monteiro, e participação de Flavio Flu Santos (De Falla) tocando guJitarra em alguns temas.
No setlist, músicas de todos os tempos e mais os novos sons que farão parte do próximo álbum da M.i.p.V, que logo logo estará circulando por aí!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Nightwalker

Sempre me fica essa curiosidade... a saber se as geniais diretoras deste clipe. Vera Egito e Renata Chebel não teriam em mente uma discreta homenagem à cena da dança no "Bande à part", do Godard. Mas ok, pode ser uma viagem minha.






No hay banda!

domingo, 13 de abril de 2014

Underground

Há muitos anos, existiu um pseudo-cineclube que participava. Apenas 5 ou 6 amigos num apartamento no Bom Fim. Foi ali que conheci o Kusturica.

AÑO: 1995
PAÍS: Yugoslavia
DIRECTOR: Emir Kusturica


Sub español / english / deutsch ;)








sexta-feira, 11 de abril de 2014

I'm gonna watch the blue birds fly over my shoulder

Candy says

I've come to hate my body and all that it requires in this world

Candy says 

I'd like to know completely what others so discreetly talk about

I'm gonna watch the blue birds fly over my shoulder





Isto não é um mamilo.

Não tenho instagrão e, por estes tempos nem mesmo celular, mas defendo essa moda "selfie", assim como defendo a Valesca Poposuda (e tou falando sério).

Claro, "Selfie" não é "Selfportrait".
Basicamente, o primeiro é um retrato do fenômeno social ocasional e finito instigado pela pressão midiática, quando o segundo pode beirar o antissocial - ou não. Selfie é quando cada retrato é a cara de todos como naquele filme THX 1138, do George Lucas. Self, mais aberto, poderia ser quando alguém busca o que o diferencia ou o que o identifica ou nem tem qualquer pretensão. Um tem que ser sempre de ladinho, o outro investiga a pose.
É questão de conceito. Instagrão e feicibuque são pra você tentar embelezar-se aos olhos dos outros, e isso é selfie, efêmero  no sentido de notícia, sem pergunta e sem resposta. Certo, tecnicamente, um autorretrato pode muito bem ser momentâneo, instantâneo e pra embelezar-se aos olhos dos outros, mas é diferente...

Pra mim, o autorretrato vem de dentro. Pode até começar num elementar estudo anatômico, mas invariavelmente torna-se um mergulho em águas mais profundas. Quero dizer, não se vê dicas no programa loiro de variedades da tv sobre o que é certo e o que é errado num autorretrato, o que já o difere substancialmente.

Auto desenhar-se, pintar-se, fotografar-se...  um exercício de pensar a respeito de si, perguntar como o entorno o vê e sobre o que a vida transformará em você. Quando, como e quanto o que está dentro aparece em nosso olhar diante do espelho? Acho que é análise.
Gosto de pensar que, quando reproduzo meu corpo, estarei a aprofundar o olhar crítico sobre mim através de exercícios de contradição. Pensar, admirar, ensimesmar, surpreender-se, debochar de si próprio, ler-se, expor-se, ridicularizar-se. Me parece uma tentativa de auto interpretação por muitos ou nenhum motivo.

Sem a pretensão de um juízo de valores, apenas observando e formando uma opinião que não vai servir pra nada ou ninguém a não ser eu mesma (autorretrato), creio que "selfie" seria colocar uma máscara industrializada, enquanto o "auto" seria tentar entender e/ou retratar as máscaras biográficas, industrializadas ou sanguíneas.

Deve ser por pensar assim que considero sem propósito fazer autorretratos usando roupas. Não consigo entender a serventia dum troço desses a não ser que eu queira falar de moda, mostrar um figurino que desenhei e esteja em falta de outra modelo ou usar meu corpo como objeto de cena. Do mesmo modo, não entendo o imenso medo que o dono do feicibuque e as pessoas bem comportadas sentem de seios. Parece um castigo! Aliás, este é tema chato para autorretrato, claro. Pois selfie é quando você mostra um decote insinuante e self é quando você não observa seu corpo como objeto necessariamente picante - ou sim -, de modo que ocultar ou não o corpo passa a ser questão, discussão. Já o selfie não negocia, apenas mastiga, engole e sai na urina até que as marcas de telefone orquestrem o próximo surto coletivo.





terça-feira, 8 de abril de 2014

inacabado...

Esse selfportrait eu comecei já fazem dois anos, com a minha foto. As de natureza fiz nesse verão. Gosto de todos os cliques, mas editados não estão ficando bons e vou desistir. Mesmo assim, como gosto de publicar alguns processos, resolvi expor. Por esses últimos dias, trabalhando tal imagem, me senti inspirada por este outono que pensa que é verão. Mas vou parar por aqui. Falta muito pra ficar boa e eu cansei. Depois eu retomo do zero, se for o caso.

Darklands

And all things end in nothing
And heaven I think
Is too close to hell....

te-eiqui mi-i-i tu the dark
ou gód ai get déun on mai niii
én ai fil laique ai culd-dai
by the river of dissss
and i feel that i'm dying
and aim daaaaiing

tchutchuruchutchutchu


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Night off

Noite vadia. Se me despeço e durmo, começa a semana e viro gente que trabalha. 
É que, pra mim, o melhor dia da semana é a segunda, pois faço dela uma mistura de domingo, feriado e dia de ser irresponsável.
Por exemplo, gosto de fazer coisas como ver o mundo de cabeça pra baixo, meditar no final da tarde e a noite assistir bobagens bem burras na tv. Hoje mesmo, assisti o Just Like Heaven. Não conhece? Nem precisa! É um filme bobo de uma guria que está em coma, um cara gostoso que vê fantasma e trololó final feliz. 
Isso me recorda alguns momentos em que pessoas que me admiravam bastante me entrevistaram sobre meus filmes em segundas- feiras e, ao me perguntarem os filmes que eu mais curtia, respondi coisas como Legalmente Loira, Cruel Intentions e ET. Great, biAh!!! Bom modo de perder seus poucos admiradores. Eu poderia falar das minhas referências criativas e contar que assisti meu primeiro Truffaut junto com meu pai lá pelos 13 anos e que sei de cor tudo a respeito de Glauber. Buñuel e Man Ray. 
Mas pow, a pessoa me vem fazer perguntas numa segunda-feira de outono? Eu não gosto de fingir, quem me conhece sabe. Sou como sou, estou como estou, mesmo quando tiro uma folga dessa seriedade que me consome e me transforma na garota enxaqueca, velha dos gatos, Greta Garbo.
Ah! Não vou ficar mentindo para as pessoas que sou a mesma das quartas, quando acordo com os cabelos de Mafalda, toda cheia de críticas, leitora de Beauvoir, fã da Giulietta Masina, Anna Karina... 

Bom né, nas terças eu sei de cor várias passagens de Senderos, da Liv Ullmann.
Nos sábados, então, posso te dizer na ponta da língua páginas e páginas da Náusea do Sartre.
"São cinco e meia. Levanto-me. Minha camisa é fria, se cola a minha carne, saio. Porque? Bem, porque também não tenho razão alguma para não fazê-lo. Ainda que fique. Ainda que me encolha em silêncio num canto, não me esquecerei de mim. Estarei presente, pensarei no assoalho. Eu sou..."

Mas hoje é segunda e ontem, domingo. Ontem trabalhei até as 5 da manhã e preciso ser um nada agora, um vazio, um vácuo, preciso crer que não sou nada melhor do que a maioria das mulheres (sim, tem dias que acho que sou mais complexa e menos frívola que os outros). Nada em mim é mais inteligente só porque não uso maquiagem. Tampouco sou especial diante de uma mulher que faz luzes no cabelo e usa perfumes doces demais. Se eu for feminista ou se eu for machista, tudo vai dar na mesma nesse mundo que gira em torno de si próprio e não vê os fios coloridos que saem dos nossos umbigos e nos ligam a um outro ser, um twin que todos temos (eu via minha alma quando era adolescente e tinha desdobramentos e me via do alto, ali deitada. Mas isso é uma historia para as quintas).

Não te acontece isso nunca? De as vezes ser outra, ter outros gostos, tesão por outro tipo de gente, músicas e filmes? Só livros é que não. Nisso não mudo. Mesmo numa segunda de abril, NUNCA me sentiria atraída por uma Marta Medeiros, por exemplo. Se bem que lá na praia já li uns romances meio bobos, desses que ficam esquecidos por alguma tia nas casas de praia ou de fazenda e, 20 ou 30 anos depois, a gente encontra e começa a ler e, sei lá, as ondas do mar, a chuva, as estrelas e as gaivotas.... Quando nos damos conta, estamos querendo saber como será o final. Agora me lembro! Certa vez, na praia, eu gostei de uma crônica da Marta Medeiros. Mas tudo bem, devia ser uma segunda e eu estava lendo uma Zero Hora que ficou no chão do banheiro. 

Bem, hoje acordei a uma da tarde, paguei contas e fui cuidar da minha beleza. Dermatologista e Nutricionista, Moinhos de Vento, Bela Vista... Falei coisas tolas e fiquei feliz porque perdi 2 kilos. No final da tarde, saí com a minha cadela Julia, sentamos na nossa pedra, na praça. Temos uma clareira pra meditar e quando alguém resolve por ali ficar nós nos concentramos e a pessoa sente um tipo de coceira e desocupa rapidinho o nosso lugar secreto. Sento em posição de lotus voltada pra o sol e fecho os olhos tentando encontrar uma luz lilás. A Julia deita na grama, a meu lado. E assim ficamos até o rosa do por do sol ganhar os tons roxos.
Então eu deito na pedra, de cabeça pra baixo, e olho o mundo. Árvores e prédios de ponta cabeça, um casal de velhinhos sentados num banco, caindo no céu... 

Pronto, foi-se o dia, foi-se meu eu mais (ou menos?) banal. A propósito, acho que vou fazer um peeling de cristal...

Gentilezas \o/


domingo, 6 de abril de 2014

24 Hour Party People

De início eu estava incorporando a garota enxaqueca, porque o Lollapalooza virou um bigméqui. Ainda mais aos olhos de quem, como eu, viveu os anos 90 in-ten-sa-MENTE. Mas, claro, tinha um pouco de recalque em minhas críticas porque eu, burramente, achei que conseguiria levar esse semestre na UFRGS, então desisti de ir pro Lolla de BsAs. Meu santinho... como sou tolíssima! No final, tranquei o semestre, e vou igual prArgentina ¬¬

Hoje era Arcade Fire e New Order?  Of course!

Então né... eu sou a única que gosta dos dois e não fiquei fazendo gre-nal pelo twitter e fiquei zapeando entre os canais que exibiam um e outro palco. Ok, devo admitir que, em dado momento, esqueci o Arcade, pluguei meu projetor de 3000 lumens no cabo, lavei minha casa de New Order e viajei demais :)

Esse momento me lembrou um filme que sei de cor porque fala de bandas que amei muito na adolescência e, óbvio, foi uma referência durante os laboratórios do nosso filme Bitols.

Minha dica de filme pra esse final de domingo roquenrou é essa então: 24 Hours...  \o/

Enjoy!



sábado, 5 de abril de 2014

Moda?

O que é moda? Voltei a estudar o tema, não só porque as vezes faço fotos de moda ou apenas pelo projeto Abissal - onde mapeio com projeções um vestido que construo a mão na montagem da exposição - mas por vários motivos e novas invencionices que conto depois. E, afinal, minha primeira profissão, com 18 anos, foi uma marca que criei e, com a ajuda da minha mãe, me abriu as portas pra o mundo. Me levou a coisas como sair da casa de meus pais e ter meu próprio dinheiro, gerar emprego, errar e acertar, saber trabalhar em equipe, estudar cores e o valor de uma estamparia própria, fazer figurinos e adereços pra dança, músicos e cinema e, como todos sabem, passar a trabalhar com várias  outras artes. 
Modelar vestidos me libertou a ponto de não ter medo de trabalhar naturalmente em cinema e fotografia com corpos nus. A moda é parte da construção das personagens. Não era pra mim viver só de moda porque me parecia um meio onde a maioria não gostava da história da moda. Me incomodava ver um profissional comprando estampas em série ou não sabendo modelar e costurar. Via alguns colegas como apenas vendedores de roupas que gostavam de festas. Moda não é somente abrir uma revista e dar gritinhos ao ver o que já está pronto. Moda é ter o seu canto criativo, cheio de histórias da sua vida e ver que ele se espraia pelo seu cotidiano. Moda não é se fantasiar com a roupa mais cara e confundir a vida real com "glamour" (seja lá o que querem dizer com isso). Moda é um dos modos de contar a história de cada cultura e a nossa micro história pessoal. 
Moda é minha mãe trabalhando no seu ateliê quando eu era pequena, bordando vestidos diante dos meus olhos apaixonados por aqueles cheiros de tecidos mágicos, minúsculos detalhes, retalhos e alfinetes. Moda é a Dna Veneranda, uma senhora que só falava talian, mãe do meu melhor amigo, sentada em sua máquina de costura antiga, sob o chão de cimento queimado e azulejos, diante da pequena janela que desenhava a parca iluminação e servia de moldura para a plantação de gérberas e crisântemos lá fora. Ela sofria de depressão e, quando não estava internada, não saía do quarto, onde se ocupava fazendo colchas de retalhos e remendando roupas setentistas dos seus jovens filhos. Eu tinha uma babá que me levara às tardes para a casa deles, para brincar com meu amigo, seu filho mais novo. Aquela cena da sua silhueta à máquina de ferro me fazia vê-la como um mistério, como se eu embarcasse em um livro sobre a história de um mundo inteiro. 
Gosto pouco da moda como o nosso tempo a vê, embora eu goste tanto do assunto. Essa moda a serviço de embalagem de picolé, "tendência", superficialidade féxon, preços...
Falando nisso, queria mostrar esse vídeo, com um dos poucos que admiro na "moda" brasileira, o Ronaldo Fraga. 

Bye, Bye Brasil

Um dos melhores filmes brasileiros é do Cacá de Diegues, produzido pelo Barretão. Chico Buarque na trilha...
E tinha no elenco o José Wilker.

R.I.P Wilker!


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Natureza Viva

  • Queria pessoas poderosas se interessando pelo meu trabalho. Tipo curadores, editores, produtores,divulgadores... Mas por enquanto, em minha vida, só os censores. 
  • A propósito, essa foto é da primeira fase da série Gesto Submerso. Já esteve em várias exposições individuais e coletivas e foi uma das que mais vendi até hoje. Também é uma das imagens que levaram a minha fanpage e loja virtual a serem banidas do feicibuque, consideradas pornografia. Quer saber? Eu até adoraria fazer trabalhos bem pornográficos, mas infelizmente não tenho talento nem pra pornochanchada. Isso que eu faço é a mais ingenua poesia de menina. Só os desenhadores de vasinhos de flor morta é que não sabem disso.

Crusin

Let the music take your mind
Just release and you will find laiálaiá






terça-feira, 1 de abril de 2014

Say Yes

Borboletas no Estômago



A noite cai cedo no outono e isso muda tudo, não caibo em mim, me sufoco em idéias, me escondo aqui inventando, produzindo, ansiosa. Trabalho nas madrugadas, acordo ao meio dia...

De tempos em tempos não consigo respirar, então entendo que é o momento de organizar. Mas isso dura pouco. É outono, época de deixar um trabalho pela metade e ir pro outro computador, não sair do ateliê nem pra pegar um café. Música pra inspirar? Não, agora vou resolver um áudio para a vídeo arte de apresentação do novo portfólio Cler.i.Cot... Essa sou eu, 5 da tarde, pó de guaraná e camisola.

Abro uma pequena fresta da janela, lindas nuvens cinzas, brisa fresca, preciso tirar do armário minhas cortinas transparentes pra que dancem com o vento. Mas que saudade insuportável do por do sol as 9 da noite no verão! Que vontade de tudo ao mesmo tempo.
É assim mesmo - consigo respirar de novo -, os outonos são uma revolução interna.

Retorno ao meu esconderijo e fico pensando bobagens. Morrem pessoas, nascem outras, morro uma, nasço outra. Comecei o ano com alguns desejos que já esqueci. Me deixo levar, me apaixono, sou de leão. Cada novo trabalho tem suas próprias vontades. Porém, como faço sempre muitos trabalhos ao mesmo tempo... sim, eu sou uma esquizofrênica. Há vários anos escrevi a respeito num blog antigo que perdi e devia andar por aí, no universo paralelo esperando pra me voltar agora. Mas né... quem diz que devo ser apenas uma? Uma.

Sabe, há um projeto que criei e fiz acontecer por anos e foi muito importante na minha vida. Me levou pra outras cidades e outros idiomas, me aproximou de ídolos, me ensinou sobre poder, me mostrou o céu e o inferno, amigos eternos, pessoas maravilhosas, outras sem escrúpulos, inveja, risos, dança e lágrimas. Sem mais nem menos, pra surpresa de todos, parei com ele por uns anos. Nem comentava, como se não existisse. Tirei o site e tudo o mais do ar. Silêncio. Até que nesse ano ele voltou e me disse: - Vamos?
É disso que falo quando asseguro que cada trabalho tem sua própria personalidade, ego, manias, vícios.
Alguns, como o recente "A Goldfish" (ainda bem jovem), querem ser discretos, mansos, pequenos, dulces, nuvem, outonos. Outros são exibicionistas, problemáticos, explosivos, descontrolados, dominadores, insuportáveis sóis de meio dia no verão mais cálido.

Então é isso que sou e faço?
Sim, trabalhos que não servem oficialmente pra nada. Não há hora, dia ou ano pra iniciá-los e podem nunca ter um fim. Não salvam vidas, não constroem casas, não resolvem a falta de água no planeta. São apenas antenas, códigos e mensagens sobre o olhar de alguém que nada é e não soube fazer algo mais útil na vida do que interpretar o que vê através de fotos, filmes, música, sons guturais, sexo, gestos, efemeridades, vocábulos, nadas.

Voltando ao meu plano adormecido que voltou esse ano. Ontem tive uma reunião a noite no Centro (onde me sinto uma turista tonta achando tudo digno de um filme) e lembrei como é o trabalho com esse projeto que se me apareceu do nada, após hibernar por uns 4 anos. Torná-lo real é sentar em gabinetes, fazer orçamentos, liderar equipes, expor-se, falar no telefone sobre cronogramas com voz de gente chata, ficar íntima de aeroportos... Ai, que quase desisto, mas ele é mais forte que eu. Ele é uma multidão, esse projeto que tem alma de revolução e quando homenageados davam entrevistas a seu respeito, falavam como se fosse um ser vivo, uma pessoa cheia de certezas. Me orgulhava.

Mas tenho os pequenos planos, aqueles como voltar a ter um blog sem me preocupar se alguém lê meu diário que não é diário. Assim, comecei a escrever esse post numa crise de ansiedade e agora já me sinto leve como quando era pequena, descansando no alto da minha figueira gigante por tardes inteiras, escutando cigarras e inventando a minha vida. O Transtorno de Ansiedade Generalizada acho que vem desde aqueles tempos, por isso meu mundo é a copa de uma imensa árvore, ou um porão cheio de livros ou uma plantação de flores onde posso deitar, oculta por cores e perfumes a decifrar desenhos nas nuvens.

Vai ser difícil esse ano de editais porque significam desengavetar projetos maiores, mais gente, mais rua, mais olhares ferinos, mais exposição e a coisa que mais considero doentia: a competição. Meus inimigos gostam muito de usar contra mim o fato de eu ter medo de gente. De fato, é uma carta na manga nesse jogo de viver e tentar convencer que arte não é maquiagem. Na verdade, sempre tive colegas e até professores que me odiaram desde o primeiro minuto apenas porque nunca tive qualquer problema em me apresentar como uma artista e dizer com naturalidade que o que eu faço pra viver é arte. Curiosamente, isso incomoda muita gente. Se você disser que é bancário, economista ou dentista, todo mundo achará normal. Mas se diz que é artista... Eu já deveria ter feito um filme com as múltiplas reações que vão do deboche ao ar de dúvida, sempre passando pelo: "que chique!"
Sim, sofro de certos medos, mas a minha opção por trabalhar com arte me livra dos temores. Inventar coisas, deixar que elas tomem forma, que me tirem o sono e a fome, que fiquem tão vivas em mim a ponto de me roubar a razão. Essa é a minha escolha. Dizem que não se deve deixar levar pelo coração. Ah, vá!

E sobre esse papo todo as respeito de dúvidas, conceitos, motivos, paixão, desejos e necessidades,
mais uma vez tranquei minha matrícula no Istituto de Artes. Mas isso, de eu ver a academia como uma âncora, como um redondo não, como uma água de poço, como se eu fosse um salmão correndo contra as corredeiras rasas, desafiando os ursos para conseguir procriar.... Isso merece ainda muita observação, crítica e auto-crítica.

Assim, na superfície, achei inteligente essa opção de trancar o curso porque estaria hoje em meio a 8 créditos de aprender o básico de um determinado programa deixando parados aqui no estúdio inúmeros projetos de arte já reconhecidos onde utilizo, entre vários, esse mesmo software por motivos absolutamente conceituais. Sei lá, me senti numa aula de jogar Atari quando tenho um 3DS em casa... meio isso. E olha que eu gosto de misturar as tecnologias e no resumo prefiro mesmo o Atari, o Super 8 e uma Pinhole. Só que questiono regras, cartilhas, não poder falar em aula. Não gosto quando temos que fingir que não sabemos as coisas e alguns dizem: "Puxa, que interessante isso, fessor!". Prefiro aprofundar já  de cara e quem não entendeu que acelere o passo. Inclusive eu, claro, que muitas vezes me distraio. Queria um curso que nos enchesse de dúvidas e não nos quisesse quietos, sentados a entender as regras para sermos aceitos. Não acredito em artistas bem comportados e alunos nota 10.

Por tamanho desconforto, em tese, me pareceu melhor trancar o curso porque poderei fazer 4 viagens importantes nesse semestre. Vou a BsAs, Montevideo, SP e Rio e isso será fundamental pra todos os projetos continuados, iniciados ou finalizados nesse ano.
Mas não é só isso. Minhas dificuldades com os métodos, sistemas, relações no curso de artes que escolhi e tanto quis, são um assunto bem mais profundo e não sei com quem levar. Por enquanto, não encontrei qualquer eco. Sinto-me só nessa mania de achar que não se ensina, antes instiga-se alguém a ser artista; que um curso é uma porta e não a boca estreita de um funil; que nunca uma obra pode se resumir a um tema de casa; que não se cria artistas em série, feito arremedos; que não se pode dar nota para um artista em formação e que a redoma das academias é fina demais para se pretender intocada; que não se faz arte quando a maioria cala, não questiona, apenas decora e o ambiente está com preguiça de discussão.

Então, por hora, quero apenas ser feliz e flutuar no meu ateliê ao longo desse ano de Copa do Mundo, quando as oportunidades para os produtores independentes de cultura andam magras, então os caminhos levam aos editais (odeio!), questionamentos, viagens, coragem e uma explosão interna, profusão de desejos, chuvas, sóis, noites e dias, tudo ao mesmo tempo. Agora!

Gentilezas \o/