quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tudo é uma questão de ambiente.

Cada ser é um mundo.  Ambiente. Clima. Curvas. Ângulos. Veias e órgãos. Mente.
As máquinas também são assim. No meu trabalho, ando com várias máquinas. As mais constantes são os notebooks e as câmeras. Os projetores são românticos e diretos, as multifuncionais tem um certo ar de eu me basto e, com isso, não fazem muita amizade, ficando ali impávidas em seu altar, fingindo frieza mas preparando alguma surpresa.
As câmeras são sexuais, tanto ou até mais que os instrumentos musicais (sendo que esses não são máquinas, os citei sei lá porque).

Câmeras... Durma com elas e não acredite em frescuras e manuais a respeito dessa relação. Só é preciso ser muito íntima e inseparável até que ela adivinhe o que você sente e vice versa.
Os projetores não se importam de viver em armários e saletas obscuras. As câmeras não. Elas competem com tudo e todos, namorados, filhos e com a hora do almoço.
As máquinas de costura são um pouco assim também, mas elas são menos possessivas. Ao menos no meu caso, elas são românticas como os projetores. São lânguidas, entende?

Para conviver bem com máquinas a estratégia é oposta ao modo como se faz para conviver bem com pessoas.
Pra ter bom relacionamento com gente você só precisa dar e receber espaço. Manter uma certa distância, não dizer tudo, não falar sempre, não amar totalmente, não querer demais, misturar só um pouco e ter cautela. Gente teme.
Mas com as máquinas é absolutamente diferente, basta se tornar íntimo. Tudo é uma questão de ambiente.

Por exemplo, eu uso um note só pra edições de vídeo, outro só pra projeções, outro pra todo o resto.
Assim, o note de todo o resto é como um órgão do meu corpo. Nos conhecemos, dedos, gestos, idiotices, vícios e manias. Nunca brigamos. Se fosse gente, bah!, já seríamos inimigos. Ninguém convive tanto e se conhece tanto sem declarar inimizade cedo ou tarde.
Mas os outros notes, se me demoro dias pra retomar um trabalho, a relação esfria e preciso me inspirar pra reacender a relação. Olho para eles ali fechados na bancada. Eles, talvez magoados não olham pra mim. Levo enorme tempo pra me sentir a vontade no ambiente deles, atraso trabalhos.

Minha fixação por inventar coisas me faz ter uma boa relação com furadeiras e serras elétricas e nunca tive muita intimidade com os secadores de cabelo, acho eles meio burros. Não me dou nada bem com as máquinas de lavar e aprendi que cafeteiras não pensam. E isso é sério, as cafeteiras são as únicas máquinas que não tem vontade própria.

Não falei em carros porque são apenas crianças que não sabem tomar banho sozinhas.
E os celulares? Acho eles muito sem personalidade.

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