quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O fotoxópi já existia nas cavernas e Alguns critérios me dão sono

Não sou muito de me inscrever em concursos, festivais e editais. Isso ajuda pessoas viciadas no "circuito" a andar por aí dizendo que não produzo, quando sou mais inquieta do que os comportados cativadores de jurados.
Outro dia, dois caras roubaram um projeto de mim e um deles, lá do Rio, dizia que tudo bem pois não tem visto roteiros meus em festivais, então ninguém vai mesmo acreditar em mim...
É curioso como ainda tem machismo no mainstream.... mas isso é história mais complexa pois rola em toda a categoria profissional.
Admito que dos poucos editais nos quais me inscrevi, a maioria ganhei ou pelo menos meu trabalho deu uma instigada na galera ou eu incomodei por mudança nos critérios e voei de volta pra casa achando tudo muito antigo...
Meu problema é que não tenho saco pra mandar curriculum. Acho bobagem ficar enumerando prêmios, cursos e trololós. Pra mim, tinha que ser bem ao contrário. Você ver apenas o trabalho inscrito, premiar o cara sem saber quem é ele, o que já fez, de onde vem, laurear o presente momento. Porque passado e futuro são ficção.
Outra coisa que me irrita (e por isso eu, por anos, dirigi meu próprio festival)
é as obras terem tempo de validade. Por exemplo, se você fez um filme há mais de dois anos ele já tá com "prazo de validade vencido". Não pode mais inscrever em festivais.
Daí você pensa: "Puta que pariu, imagina se uma obra do Van Gogh.. tipo o Quarto em Arles, tivesse que ficar no porão simplesmente porque a estética no design das cadeiras e camas agora é outra?"
Num país como o nosso, se você não puxa sacos, leva 5 anos pra conseguir terminar um filme e ele valerá por dois anos e depois será considerado velho? Bó!
E tem essa besteira da indústria de patês audiovisuais que separa as obras em tempo de duração. Isso é muito fálico, meu! Acaso ainda pensam que um trabalho vale mais porque tem um tamanho ou uma duração maior? Que infantilidade desse povo importante que se reúne pra decidir a vida da obra alheia!! Essa gente que se diz representativa de uma catiguria é muito estranha....
E é por isso que também não curto muito os concursos de fotografia que exigem que você inscreva apenas fotos não interferidas digitalmente.
Primeiro porque já vi muita foto premiada nesses mesmos concursos que tinham, sim, edição; segundo porque a interferência seja por arte, seja pra retoque, pra enfeiar, pra embelezar, pra surrealizar existe desde os tempos das cavernas, É parte, é como tinta e pincel, é como escolher o grão, o filme, o iso...
O naturalismo é relativo e tão diverso!
Cada olho por trás de uma lente enxerga uma mesma natureza completamente diferente de todos os outros olhos por trás de lentes.
Ninguém vê o sol do mesmo jeito. E além do mais, se alguém me provar que o retrato da Mona, os das madonas; que a Ophelia, as Três Graças ou a Nefertiti; que os contrastes que imortalizaram nobres, burgueses, reis,ditadores, rococós e escravas são absolutamente naturalistas e sem retoque, que os retratistas através dos tempos nos enviaram a cópia fiel da luz e nos museus vemos as caras exatas das modeletes, sem nadica de "photoshop", daí juro que desdigo tudo isso!
Por enquanto, parem com essa bobagem de achar que fotoxópi é só um app que tira pé de galinha.
Pularmor! O "tratamento", pós produção, retoque ou como quiserem chamar, não é app pra selfie de celular. Tratar uma foto é necessidade-vontade técnica e estética, dá trabalho, é um cuidado que cada fotógrafo decide se quer ou não por questões absolutamente pessoais e ninguém tem que se meter nisso.
Galera olha, inveja e sai procurando fotoxópi, como se pos produção fosse demérito! Tsctsc.

]bw[

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