sexta-feira, 18 de março de 2016

A histeria digital é ancestral.

Mesmo antes de Goebbels, mesmo antes da caça às bruxas, a histeria sempre foi a arma política de efeito mais certeiro.
Agora que o golpe está se desenhando no grito e na pancadaria, o Brasil será devolvido para os colonizadores ("Nos devolvam o Brasil", é o que se escuta entre os defensores do fundamentalismo).
Á força, Dilma está impedida de governar, pararam o país, ninguém sabe qual foi seu dia de trabalho ontem, se sancionou ou vetou alguma lei que nos interesse. O país parou e todos vamos pagar caro por isto.
Há milhões de pseudo ricos advogando pela própria escravidão, E como ninguém gosta de história, vejo gente festejando nas passeatas, rumo aos seus piores tempos, como boiada que caminha pro matadouro.
Se acontecer o golpe, a nação relaxa. Ninguém aguenta mais sindicatos, representações, direitos humanos, leis protetivas pra qualquer grupo esdrúxulo.
Os negros voltarão para a cozinha, as mulheres voltarão para a cozinha, as crianças pobres voltarão para o borralho, os latinos voltarão para a cozinha, os sem terra voltarão para a cozinha, casais gays precisam voltar pra o armário (da cozinha)... Bá, vai ficar intransitável essa cozinha!!
Sem cotas, sem ações afirmativas, sem saco pra igualdade, sem casa, sem quintal, sem escola, sem nada, o país vai ficar servil como já foi. Para cada 5 na casa grande, 5 mil a servi-los sem uma constituição que os proteja.
Tecnicamente, acho interessante um fenômeno arcaico continuar funcionando através dos séculos. A manipulação nos faz ver que não interessa se temos internet, acesso à informação em tempo real e veículos diversos, outros pontos de vista e alternativas para refletirmos livremente, pra exercitarmos o diálogo da sensatez.
A massa não sabe ler, a massa está ocupada xingando, está em comoção e na histeria não vê as fontes menores.
Já diziam os sábios de todos os credos, se você está em fúria, não pondera. Respira, acalma, espicha o pensamento...
Pensando em pensar, repito o que rezamos há anos sobre o nosso modelo político, onde tudo é mais do mesmo e uma hora tinha que implodir.
Você não faz esquerda namorando com a direita.
A presidenta nos apresentou parceiros políticos difíceis de digerir num momento em que o país se pretendia moderno e democrático. 
De representantes pastores em um Estado que deixou de ser laico até uma coronela latifundiária escravista. Dilma namorou com o diabo por imposição do partido.
Os mais velhos, pra falar bem ou mal dela contam o mesmo conto. Dilma era uma guerrilheira foda, dura na queda.
Porém, nem precisamos vê-la ao lado de Kátia Abreu ou Michel Temer pra saber que ninguém chega ao poder em nosso sistema sem beijar o diabo.
Tempos obscuros se aproximam, pessoas com "cara de esquerdistas" já são linchadas nas ruas por senhoras que ontem pareciam sãs, fazendo suas compras no xópin.
Caso venham outros 20, 30 anos de zumbilândia, desigualdade e medo até outras gerações saírem pra rua e reiniciarem um novo ciclo, veremos, velhinhos como viram nossos pais, a Globo viva mentindo que era apenas um canal informativo e não apoiou o golpe.
Veremos pessoas com cara de paisagem, que estiveram dançando sobre tumbas e acendendo as fogueiras, alegando que nunca foram coniventes com o golpe. Todos, do nada, serão apenas vítimas.
A falta de educação, a desinformação, a recorrência e a fofoca são e sempre serão a carta na manga dos poderosos e suas eminências.
>bw<

Nenhum comentário:

Postar um comentário