terça-feira, 7 de março de 2017

Pelos Pelos

Existe cultura, cultura, cultura e cultura. Umas para nosso sim, outras para o não.
Quando eu tinha uns 13 anos comecei a depilar partes do meu corpo por uma imposição. Cegamente comecei a fazer algo que nunca tinha feito parte dos meus pensamentos a respeito do meu corpo porque algumas amigas começaram a me cobrar isto e alguns meninos riam de meninas com pelos no corpo.
A primeira vez fiz escondida de minha mãe, usando um aparelho de barba do meu pai. Cortei minha perna embaixo do chuveiro e saiu muito sangue. Me senti num rito de passagem sozinha naquele banheiro de azulejos azul calcinha.
Foi ruim passar a fazer parte de tal cultura, espécie de obrigação.
É tão fora dos meus valores, tão irrelevante me depilar para me sentir mais mulher ou mais bela, que nunca fui num desses lugares onde as mulheres se torturam com ceras quentes. Só conheço pelos filmes e acho meio ridículo.
Hoje, infantilizar o corpo da mulher tirando todos os pelos, em determinados nichos, é uma obrigação, uma lei. Claro que não faço parte disto, mas me depilo como quem carrega um fardo. Pra ter menos trabalho e porque me machuco  s e m p r e  com lâminas, compro uns cremes caros que facilitam mas pesam no orçamento, então eu sou daquelas que podem passar por você de biquini na praia toda linda com os pelinhos das pernas bem faceiros e se você não curtir dou muita risada e penso:
Você tá revoltadinha porque ainda não me viu no inverno, por debaixo de mil casacos!!
Depilação não é higiene. Higiene é banho. Depilação é uma bobagem cultural pra agradar caras machistas e uma sociedade patética que quer todas as mulheres fingindo que tem doze anos para excitar senhores pedófilos.
Um beijo.
biAhweRTher

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