sábado, 28 de outubro de 2017

Desejo saúde ao Temer.

O ar fresquinho da janela e o Bem Te Vi que só pode ser parente da Pablo Vitar porque nunca vi ninguém tão feliz nessa vida. Sério, esse passarinho com certeza não tem fecibuque pois ele está alheio a toda e qualquer tristeza. Ele canta a plenos pulmões, com uma felicidade que me comove. Ele grita não os insultos e ódios da moda. Só canta, mais alto que os outros: Bem te vi!
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Há 8 anos o facebook era divertido.
A primeira vez que entrei eu estava no Rio, na casa de um amigo na Lagoa, escrevendo um roteiro que seria rodado no Espírito Santo. Era um momento meio maluco na minha vida, eu tinha que tomar decisões sobre ficar morando lá ou voltar pro sul e repensar um trilhão de assuntos profissionais e pessoais. Eu saía sozinha (sempre gostei de andar sozinha) e respirava como o bem te vi solitário. Não tinha nada, não tinha certezas, mas eu via um mundo gigante diante de mim, eu era só um pontinho no meio do universo.
Acabei saindo do filme que estávamos preparando, sumi da vista da maioria das pessoas, fiquei uns dias com uma amiga em Laranjeiras, caminhei por Ipanema, comprei duas câmeras Lomo, uma delas com caixa estanque, comprei um montão de filmes e comecei um projeto de fotografia que mudou minha vida.
Via facebook, que era bem restrito na época, conversei com amigos, peguei uns trabalhos em Porto Alegre como VJ, Cheguei aqui assumindo que o que me machucava era essa obrigação de ser especialista, quando eu sempre fui multiartista.
Fingi que não fora cineasta, que não fizera filmes que estiveram em mais de uma dezena de países e usei o facebook pra divulgar trabalhos só meus como vídeo artista, sem 40 pessoas num set, sem 20 pessoas preparando um festival, sem andar de avião pra lá e pra cá dando oficinas, organizando mostras, promovendo cinema experimental...
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Foi no facebook que uns amigos me convenceram a entrar pro Instituto de Artes da UFRGS pois o que me fazia sofrer como cineasta era justo não ser compreendida por tirar o cinema da sala escura, expandir as habilidades, desconstruir e transmutar a expressão através de câmeras e projetores.
Principalmente, a competição por pódio, por grana, por diretorias em entidades, por prêmios era o que andava me magoando demais na lida com cinema.
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Voltei ao zero, fiz estágio em uma TV como quem nunca tinha usado um software de edição, fingi que não sabia várias coisas pra poder aprender outras tantas. Omiti que já tinha feito projetos de arte em muitas cidades pelo mundo pra anular qualquer inveja e recomecei do zero tateando algo que eu não sabia o que era.
Aproveitei a rede social para mostrar uma outra artista que existia em mim além da cineasta.
Consegui muitos clientes, criei minhas várias fanpages, ganhei seguidores pra meus textos, blog, sites...
Acabei ficando popular, 5 mil amigos num perfil e uns 2 mil no segundo perfil e outros milhares de seguidores leais nas pages que divulgam diversos projetos.
Bem te vi, sua louca! Não adianta, tu não consegue viver na obscuridade!
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Hoje, o facebook, apesar de útil para quem trabalha com internet assim como eu, está numa fase sem alegria, é fonte de desgostos, traumas e raivas. Começou a perder a graça e os risos viraram ranço.
Ajudou muito, já não é tanto. Rede social é diferente de quando usávamos grupos de discussão, fóruns e messenger, mas rede social também cansa.
Comecei o projeto do filme sobre o Júpiter Maçã e estou tirando dos HDs de 2008 um filme que eu tinha resolvido deixar dormindo. Não se faz isso só pela rede social como quando vendemos obras de artes visuais.
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Não foi de caso pensado ir perdendo a vontade de visitar feicibuque todos os dias e mostrar um pouco do que ando fazendo. Simplesmente aconteceu. Por exemplo, passei essa semana utilizando o tempo que usaria me comunicando em rede social, com atividades táteis pois, embora eu goste tanto de escrever e de mostrar meus processos criativos na minha TL, de uns tempos pra cá você já não fica tão a vontade
ainda que seja cuidadosa, positiva, revise bem, se explique mais do que deveria por ter esta ou aquela ideia sobre o planeta.
O sábado está lindo com essa chuvinha fina, esse ano foi complicado profissionalmente pois os recursos para a arte estão no zero. Ainda assim, o sábado é bonito e não sinto qualquer vontade de ficar postando frases cheias de rancor neste mar de desesperança que se tornou esse clube umbilical.
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Minha mãe está bem doente, no hospital, mas consegui ver o lado positivo de visitá-la e fazer uma massagem em suas mãos e pés. Creio que ela vai sair dessa, porém se talvez eu tivesse ficado no facebook, teria me desesperançado.
Meu lar-ateliê-estúdio de artes integradas e vivências com meus bichos, está mais bonito sem tanto facebook nos nossos dias. Não só porque tenho mais tempo pra inventar coisas fofas e lavar minha louça, mas também porque a energia sem feicibuque parece mais leve.
Meu cabelo tá mais lindo, meu rosto mais tranquilo, meu espelho mais cristalino e escuto um bem te vi que bebe gotas brilhantes.
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E o que tem o Temer a ver com isso?
É que a vida é tão linda que nem mesmo o Temer será alguém a me dar vontade de desejar a morte. Que ele viva e pague pelos seus crimes, apenas isto. Acho feio alguém perder momentos preciosos de amor e luta por mudanças pra vir na rede social desejar a morte do golpista. Doença não é solução, solução é justiça.
Um beijo.
PS.: Não revisei o texto, amores, tou fazendo de conta que ainda se pode ser gente por aqui. 

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