segunda-feira, 5 de maio de 2014

Pretend

Um vulcão de idéias (com acento) na minha cabeça.
Tento escrever mas parece que há uma mordaça na minha garganta. Gosto muito de lenços, cachecóis, tua camiseta, coisas enroladas no pescoço.
Por estes dias, venho pensando e agindo bem mais do que falando a respeito do nada que nos cerca, sobre o desrespeito, desconfiança, distância, cu-ri-o-si-da-de. E as pessoas que temem e titubeiam? Tomo meu rumo antes de tentar compreendê-las. Me sinto ofendida com as desconfianças, acho tolas.
Passei a noite de ontem fazendo um vídeo manso para a abertura do meu novo sítio. Não sei porque, me inspirei em você, vocês, nós, nossos silêncios maquiados nos sons do vento cibernético. Os temores podem ser barulhentos como estômagos insaciáveis sedentos de gelatina transparente.
Uma névoa ao meu redor, respiro. De falar tenho preguiça, mas sons guturais, gemidos, isso sim me parece o cúmulo da linguagem.
Engraçado... Muito me acontece de não querer papo, de me ausentar das conversas em cafés, nos namoros, nas festas, nos almoços, caminhando na beira do mar. Escrevendo não. Escrevendo eu pareço outra (exceto por estes dias). Tanto que muita gente, quando me conhece de perto, se espanta com minha preguiça de conversa. Devem achar que sou cheia das certezas, sei lá.
Vontade de observar, jogar a cabeça fora, rolar. Viajar. Viajo muito sozinha, sento quieta, bebo um gole de vinho e dou um último suspiro: hora de mim.
A paz da solidão deve ser parecida com o sublime momento da morte. Derradeiro gesto preocupado, último espasmo. Quando fico só em uma multidão de estranhos, a observar toda essa gente, flutuo em direção a mim. Ninguém a me dizer o que devo fazer, ninguém a me perseguir, muito menos a fugir de mim. Nem mesmo eu. Ao contrário, sumir nesse mundo pra, quem sabe, me encontrar. Morrer sozinha, desconhecida, sem focinheira, sem medo, longe de uma certa vontade de saber mais de você.
Meus dedos digitadores inconformados fazem pessoas estranhas e chatas pensarem que sabem tudo sobre mim. Mas, de verdade, tenho apenas preguiça.
Sinto um desânimo nessa distância, como sentiria preguiça de tentar te convencer. Um azedume, um catatonismo, apatia, um mormaço na minha alma, uma pontada de decepção no meu coração. Pronto, preciso um chá de sumiço.
Hoje, a tarde estava linda! Por esses tempos, prefiro o espelho. Vários. Cacos. Voando em busca de mim sem vontade de falar aquilo que não vai resolver nada. Pense você o que bem quiser. Os fazeres, o fazeres, olhares, olhares, garganta, eco.
E a respeito dos dígitos, não sei nada sobre isso.


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