sábado, 16 de maio de 2015

Desfecho


Não existe um passado a celebrar
Onde o presente é fantasia
Ruas estreitas, lâmpadas amarelas do sono.
Qual  história sem conto pode explicar a saudade do  não?
Podem existir dois quando é apenas um?

Não há um fim sem começo
Apenas um sonho entrecortado
Mãos que falam
Uma lágrima invisível
Improvável, brilhando solitária
Ilusão, remendo, vaidade

Como dar adeus ao desabitado?
Não existe morte sem vida
Não há  vazio na dimensão daquilo que nasceu desenhado pelo nada
Como se aprende a dança dos fantasmas?
Qual o tamanho da tristeza
Quando  damos adeus à lembranças ainda não inventadas?

De onde vem a paz que adivinhamos sozinhos?
Para onde vamos assim, encolhidos,
Cheios de mundos que não puderam ser vividos?
Como podem haver tantas conchas
Nos aguardando a cada onda que quebra
A cada chuva que nos devolve para o sal do mar?

Após o nada, o melhor é fechar-se no descanso.
Depois de tudo, o melhor é nunca se arrepender.

]bw[

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