sábado, 23 de maio de 2015

Sábado...

Ontem eu tava mega comportada. Andamos pela banda hype da província, entre as poses que, me parece, andam cansadas nas bochechas em forma de ovo. A loucura morreu soterrada nas paredes angulares juntamente com os gambás e pica paus. Fudeu! Mas só bebi 3 doses misturadas. Uma província de trigo, uma velha chica e una copa de chardonay. Sempre me parece que escorro pelas ruas, mas tudo bem, isto não se dá apenas aqui, é o líquido olhar. Um maloqueiro me xingou porque lhe ofereci minha cachaça, quando ele queria uma bebida descente, no mínimo uma cerveja.
Daí, cheguei em casa e era verão e tudo brilhava como se algo escondido me agradecesse por ser redescoberto. Saí do banho pingando pelos cantos e os meus pés escorregavam numa dança... Até porque, também ontem, coloquei um planeta no lixo em momento de exorcismo.
E assim, na calada da noite alguém veio me lembrar que existe a Hilda Hilst, então fiquei até alta madrugada meia luz quente recitando ela pela casa junto a um incenso violeta como quem está num palco. Acordei de ressaca e cedo demais! Morri ou nasci... mas essa parte ainda não decidi.
Só acho que já era hora de alguém subir num morro da cidade e gritar:
- Deu! Decretamos o fim da fase morna marasmo dedos certinhos, acabou a produção de porcelanato e ninguém mais que viver sem caios nem qorpos, sem nada, sem poesia. Parem já com isso!! Que se fodam os gestos de centímetro, bem curtinhos, olhos rasos que piscam sorrisinhos nas contidas pestanas. Ninguém mais grita? Pois saibam que aulas de natureza morta são menos, bem menos excitantes que dedicar-se ao tricô. Não aguentamos mais parar com o barulho bem cedinho, ai meu deus do céu!
...
"Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem"...
Hillda Hilst

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