quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Eu mesma


E caso eu não fosse eu, se eu acordasse outra
Você ainda me amaria?
E quando você me deixasse,
Se eu arrancasse a minha máscara em plena luz do dia,
E prometesse mudar - e mudaria? -
Você voltaria?
E caso você voltasse e visse que eu ainda era eu
Que, de ser eu, eu nunca deixaria
Você de novo me abandonaria
Na madrugada suja, muda, em transe,
No trânsito, meu corpo lotado do teu, minha mão nos teus cheiros
Nos muros, os cantos escuros
Querendo você por dias inteiros?
E se eu, então, não pedisse, nem prometesse
Desistisse de ser outra, quantas chances eu teria?
E se mesmo sendo eu e não conseguindo deixar de ser,
Eu corresse ao contrário, voltasse o tempo em tua direção
Te pedindo atenção, meus dois seios de novo nas tuas mãos,
Você ainda me desejaria ou você levantaria o queixo
Me analisaria, eu sendo eu, pra me dizer não,
O que me desconcertaria e você me levaria
De volta à rua vazia?
Como seria se eu, sendo eu mesma,
Me sentisse outra diante de você
E eu não conseguisse explicar que mesmo eu só sabendo ser eu
Não sei ser eu sem você?

]bw[

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