domingo, 22 de novembro de 2015

Sei nada não de Bienal do Mercosul.

Antes eu ia e parecia uma circo fuzuê tecnológico visitado por famílias no intervalo da novela dizendo óh. Eu curtia aqui, achava qualquer coisa ali e me via sempre desconfiada da maior parte dos trabalhos porque monitor, bliabláblá muita coisa não me convencia e parecia raso... dava aquela impressão de brinquedo feito por guri de apartamento que tomou nescau bichado na academia, entende?
Depois, uma vez eu participei da exposição de um carioca bem na abertura no Cais do Porto. Eram uns morros de areia, um anão que cavava alguma coisa e eu tinha que fazer uma espécie de performance enquanto filmava usando uma traquitana que eu tive que inventar-montar subindo uma câmera por uma corda e usando uma outra câmera na mão, Fiquei com areia até dentro das calcinhas e não consegui achar muito organizado porque dois dias antes eu fui no quarto do hotel do artista e ele só tinha um papel rabiscado e parecia nao saber direito o que faria. Mas valeu, porque era o barracão dos mais fodas no Cais que agora morre e no mesmo espaço tinha um mineiro amigo meu que ganhou prêmios no festival do livre olhar que eu fazia e outros malucos experimentalistas transmidiáticos,
Me senti em casa porque acho que tem vezes que as pessoas que me ajudam devem ter a impressão de que eu não sei exatamente o que vou fazer, mas eu sei. O artista me pagou uma grana, teve uma emoção e achei as pessoas da organização um pouco estressadas e arrogantes, tive que subir um pouco o tom pra entenderem que eu precisava terminar aquilo na madruga, mas teve atraso. É que naquele ano tinha morrido um eletrecista no Cais durante a montagem e pairava uma tensão no ar, então a montagem da minha câmera - eu, na real, filmava fazendo parte da instalação de abertura de um carioca que chamavam de Cabelo - que precisava de grua, causou uma certa apreensão.
Daí, cansei minha beleza com essa coisa de Bienal porque, sério, me parece que a arte contemporânea é uma repetição de si mesma.


Assinado: A rapariga que não curte tanto circos e bienais.

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