sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Quanto a mim, prefiro a morte por tesão.

O ano era 1992. A nossa juventude tinha a MTV como referência primeira, junto dela as rádios FM - quiçá pautadas por ela. Seattle estava em Porto Alegre, Rio, SP, BH... As capitais do rock no país exultavam um bom número de rádios FM dedicadas especialmente para o rock reunindo um número de ouvintes que nunca mais poderão vislumbrar com o advento das novas mídias e da pulverização generosa que nem por isso diversifica os olhares.
Havia uma crítica nos movimentos e ações jovens, um diálogo silencioso quando nos víamos nas ruas e não nos conhecíamos, um diálogo barulhento enquanto sorvíamos cerveja barata. A gente filosofafa e sonhava. A gente lia e gritava. Não nos dávamos por vencidos e não havia ódio ou comprometimento com o que não fosse desestruturar o estabelecido. Ou melhor, quem tinha ódio juntava uma turma e quebrava tudo (resquícios do movimento punk).
Os fanzines ainda eram de papel, colagem e xerox . A gente era feliz e sabíamos. No meio disto, enquanto a minha banda na época tocava nas FMs locais, aparecia nos jornais (que ainda distribuíam festivas capas de segundo caderno pra cena local) e lançava sua segunda demotape (Academias Chiquérrimas está namorando) eu engravidei do meu filho e passei a gravidez toda tocando violão e escutando de Jimi Hendrix a Nirvana. Jeremy tocava 10 vezes por dia nessa época. Hoje é apenas uma canção, mas naqueles dias, era uma marca, juntamente com Polly, do Nirvana, lançada - se bem me lembro - um ano antes.
Minha memória dos anos 90 não entende tristeza e pauta minhas vontades nestes tempos menos ingênuos, de mais dureza, menos união no meio cultural e artístico.
Do alto dos meus vinte anos como ativista da cultura alternativa e sobrevivente no udigrudi, atuando em 8 artes, posso lhes dizer que o roquenrou morreu ou deveria mudar de nome porque ninguém mais quer mudar o mundo.
bw

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