quinta-feira, 14 de abril de 2016

A mesma carta

Acho ingenuidade quando as pessoas que trabalham por um audiovisual independente em todos os sentidos da independência, inclusive o criativo - que se ferra nos critérios de seleção para incentivo, difusão e distribuição - organizam fóruns de debate e só lembram de convidar os oficiais representantes da categoria. 
Ora, pra você lutar por representatividade, não pode colocar numa mesa redonda um só lado. Você precisa chamar a rua, pesquisar e dar voz a coletivos ou indivíduos que caminham por fora pois as entidades representativas, no mais das vezes, representam interesses de uma minoria.
Pra ser democrático, um fórum de debates precisa trazer os subversivos, sob pena de você organizar um evento onde a carta final será a mesma que foi escrita nos outros 489 eventos ocorridos nos últimos 40 anos e isto só vai funcionar para fortalecer institucionalmente caras que vivem acumulando cargos de presidentes e diretores de associação disto, fundação daquilo e, na verdade, passam a vida viajando, dando discurso em microfone e advogando nos foiers e salas fechadas as suas causas pessoais.
Sim, há tempos repito o a mesma coisa e nada ainda ocorreu pra me fazer mudar tal ponto de vista sobre o modelo excludente como se dirigem as associações de cinema.
Mas mesmo que a expectativa de todos fosse contemplada, ainda assim acho sem futuro uma proposta de debate onde só são convidados os cnpjs poderosos, o poder constituído, os chapa branca e os bons moços.

Assinado: A cineasta mais outsider da cidade desde 1997.

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