terça-feira, 29 de novembro de 2016

Avós Vampiras.

Quando meu filho era pequeno, eu sofria preconceito e tentavam me afastar dele porque eu não comia carne, porque eu tinha uma banda, porque eu fazia filmes, porque eu não queria fazer concurso....Tinha vezes que eu ia buscar ele na escola e a vó dele já tinha pego e levado pra casa dela, pois dizia que eu não o cuidava direito. Quando eu ia nas reuniões de pais, ela já estava lá, dava presentes pra vice-diretora. Nas fotos, eu estava sempre do lado, abatida, e ela agarrada nele, proprietária. E daí ela dizia pras tias e amigas que eu era omissa. Várias pessoas me odiavam e olhavam pra mim pensando coisas ruins, muito fui chamada de vagabunda quando na verdade eu tinha que brigar muito pra o pai dele me ajudar a não deixar levarem ele.
Eu amamentei ele até quase 4 anos, porque era um jeito de o pai dele não poder tirar ele de casa toda a hora pra levar pra casa de sua mãe.
Eu tinha sempre esse argumento da amamentação. Várias vezes eu saí de casa com ele pensando em não voltar, mas eu não sabia pra onde ir.
Era traumático. Eu fui virando uma robô porque eu sofria muito abuso psicológico. Eles me pegavam e levavam até o aeroporto e eu assinava autorização pra ele viajar com a vó. Ele foi pra Disney, foi pra Salvador, pro Rio, pra mil lugares com ela... Tinha vezes que viajavam em períodos escolares e eu brigava muito, mas o pai dele era bom na gaslighting.
Um dia ela começou a treiná-lo para tratá-la como "mãe" e não encontrei uma só pessoa que entendesse que aquilo não podia ser normal. Todos achavam que eu estava exagerando.
Então começaram as ameaças de ir na justiça e tirarem a guarda de mim, porque eu era artista, então não poderia provar que tinha condições financeiras pra dar a ele o que a vó podia. Os natais nunca eram na nossa casa e eram pesados pra mim. Foi se tornando normal uma marca em mim de irresponsável, despreparada e burra. Nada que eu fizesse, por mais sucesso que tivesse, comprovava minha capacidade como mulher e mãe pois na família era consenso que minhas conquistas eram obra, na verdade, do pai do meu filho que é considerado um grande pai, embora nem more mais no RS há anos e não seja presente.
Esses momentos horríveis tem um gosto. Há dias, quando a família me faz coisas ruins, que esse gosto volta. É como uma ressaca que não tem remédio. Acho que esse é o tipo de dor que nunca passa, mesmo que a gente nasça de novo umas mil vezes.

biAhweRTher

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