quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Chape

Eu conheci bem Chapecó, na época que o André coordenava a pós de cinema lá. O lugar que mais amei e visitei algumas vezes para fotografar e viver junto à borboletas azuis foi a Trilha do Pitoco. Mas em geral era visitado por turistas, pois os chapecoenses são super tranquilos e MUITO trabalhadores e focados. Vários nem sabiam que ali pertinho da entrada da cidade estava um paraíso com suas cascatas.
Futebol é um momento solene, mas nem torcendo são muito espalhafatosos. Há pouco pra se fazer nas noites. O xópin de lá é pequeno e quando eu frequentava a cidade era bem novinho, mas uma das poucas distrações. Não era pesado como os nossos, pois as pessoas não ostentam tanto em roupas e perfumes. Eles gostam mesmo é de ficar passeando de carro no sábado, pra lá e prá cá, escutando sertanejo. Mas não fazem barulho até tarde.
A gente fazia jantares tarde da noite e ficávamos no jardim numa piscininha, no meio da semana, e os vizinhos não entendiam nada pois madrugam todo o dia e vão trabalhar. Nos sábados acordam cedo, lavam o carro, cortam a grama.
É uma cidade bem religiosa, pacata e ingênua. Uma sociedade, claro, com alguns preconceitos pois é uma população da serra, na maioria branca. Havia um mendigo só. Sério isso. E algumas vezes moças me olharam com desconfiança no aeroporto, pois era a única mulher de short embarcando sozinha a noite. Sim, isso também é sério.
A tragédia com o Chapecoense, numa cidade como aquela, é um trauma de proporção que nós, calejados da agressividade e do ódio em Porto Alegre, não teríamos condição de compreender.
Quanto à homenagem na Colômbia, é um tipo de amor que nós, brasileiros, perdemos pelo caminho. A chave caiu no bueiro.

Um beijo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário