segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

DO ALTO DE SUAS TORRES, OS PRÍNCIPES NOS INVEJAM

O discurso de Madonna ao receber prêmio de Mulher do Ano pela Billboard é viral. A confirma como uma das mães das feministas que minam e transfiguram o mundo pop nestes tempos globalizados.
Ela e outras da sua geração abriram na indústria machista de personalidades pops, indiscretas torneiras que foram gerando cascatas obscenas.
Hoje temos de Lady Gaga à Valeska Poposuda usando seu poder dentro da própria indústria para dar exemplo de libertação, desconstruindo a ilusão de que existe um perfil e um nicho exclusivo para a mulher feminista.
A quem interessa um enquadramento das feministas?
Quem acredita que feministas precisam ser letradas, ou discretamente maquiadas ou bem comportadas, ou "básicas", ou sem sutiã, doutoras, ou engajadas em grupos institucionalizados?
Nada disso!
Liberdade é para todas, seja uma índia velha, uma puta nova, uma dona de casa solitária, um perua, uma Madonna ou a Xuxa... uma trans, a Laerte Coutinho...
Mulher é mais que uma mãe dócil ou uma boa comunicadora, vai além do útero e da representação, transcende o óbvio, o volume do quadril e o agudo da voz.
Você pode dar o grito de liberdade dentro do seu quarto na periferia ou no microfone como mulher do ano.
Dançarinas de funk ou bailarinas clássicas, escritoras de auto-ajuda ou anarco-feministas, todas podemos e devemos viver, querer e ser.
Disputarmos para ver quem é mais feminista é tão machista quanto puxarmos os cabelos brigando pelo pau do cara imbecil que trai a sua mina e ainda sai dando risada porque as loucas se pegam por causa dele ao invés de se abraçarem e saírem avuando pelo mundo.
A guerra entre as manas tem os dias contados.
Cada vez mais garotas estão repensando o sentimento de inveja que aprenderam a sentir das mulheres "loucas"; a raiva que foram educadas para sentir das mulheres livres; a concorrência que lhes foi incutida.
Se cuidem, manas, porque essa obrigação de achar que mulher que mostra o corpo é objeto sexual pode ser uma pegadinha bem amarga. O corpo é seu, faça com ele o que bem quiser. Recatadas não são elegantes, são apenas medrosas.
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E aqui no mundo onde fazemos arte, a verdade grita.
Seja entre artistas independentes, seja entre grandes nomes, as minas mandam, hoje, nos bastidores e nos palcos.
Ok, pra isso ainda enfrentamos deus e o diabo, que são amigos inseparáveis quando o tema é feminismo.
Ainda há muitos caras com síndrome de barbie tardia, reclamando se a mina tá velha, se tá gorda, se é negra, se é trans... Mas enquanto se iludem que podem impedir que sejamos o que bem quisermos, a gente faz sucesso. Esperto é o cara que aceita, pra doer menos e desapega dos abusos que treinou e o levam a sujeitar-se à masmorra da existência humana: o principezinho preso na torre.
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Olhe ao redor, se você é artista, e compare. Quando uma mina foda se coloca e enfrenta, ela faz mil vezes mais sucesso do que um cara que faça a mesma atividade (muitas vezes roubando ideias das suas garotas).
É que exatamente o inexplicável que trazemos de nascença e que os homens usam contra nós para exercer preconceito, domínio e exclusão; exatamente os sextos sentidos e as "loucuras" de mulher que nos fazem sofrer Gaslighting é o que nos faz destacar-nos.
Cada vez mais o empoderamento das minas está mostrando que quando uma mulher se ama, o cara inteligente não tenta competir pois tem uma grande probabilidade de sair perdendo. E é daí que vem a tortura psicológica. Tentam nos convencer de que existimos para agradar e servir homens porque, livres, descobriremos que o poder feminino é infinito.
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Se te chamarem de louca, agradece.
Para os homens que passam pelas nossas vidas tentando nos escravizar e explorar nossos talentos enquanto nos tentam diminuir, há um único conselho:
Carinha, faz a sua, de boa, sem querer pisar na mina que está ao seu lado, pois a grande probabilidade, se quiser brincar de pódio, é você sair perdendo. Hoje em dia, a sua mina nunca está exatamente a mercê, sozinha no mundo.
Enquanto você se mantém encastelado, no mundo feminino tudo está no seu lugar, graças a nós mesmas.
biAhweRTher
Um beijo
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"Estou aqui em frente a vocês como um capacho. Quer dizer, como uma artista feminina. Obrigada por reconhecerem minha habilidade de dar continuidade à minha carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia gritante, e do bullying e abuso constante.” Madonna
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