sábado, 28 de maio de 2016

AB i Sal

Hoje acordei feliz e quente. Céu azul mais uma vez. Pássaros de novo. Meu amigo bem te vi cantando na janela e eu me sentindo completa. Vim até a internet disposta a repetir o que falei ontem: Não quero mais saber de tristezas. Fingirei que foi um pesadelo saber que usamos uns aos outros; nos matamos e aos outros com um conta gotas ou com o tiro certeiro. As gentes se machucam, tiram sangue, mentem e saracoteiam em cima das outras. Expulsamos uns aos outros do caminho do sol com o dedo apontado na cara, gritando: vai que a noite mais abissal te aguarda. Assim, damos as costas e foda-se.
Os mais espertos empurrando os mais frágeis pra um terreno árido sem perceber que assim se sufocam também.
Não sobra ninguém quando alguém sangra por força do ódio coletivo, em nome de interesses banais.
Eu era feliz hoje de manhã e queria só repetir que agora aqui é só paz, amor, gentileza, lealdade, sexo (consentido e prazeroso) e risos.
Mas cheguei na internet e ao primeiro enter levei a primeira porrada do dia. As notícias e a competição estão enlouquecendo uns e congelando o coração de outros.
A culpa não é da internet, óbvio. Como não foi um dia do rádio, dos correios, da televisão ou o código morse.
As ferramentas não são o problema, a água turva somos nós, egoístas.
A gente consegue matar a beleza do amor usando até sinal de fumaça. Somos bons na maldade... treinados.
Nós mentimos tanto que eu não posso ser diferente. Também quero mentir. Vou mentir então que tudo foi um sonho ruim e acordei segura porque a gente se ama, nos respeitamos, a gente não mata aos poucos ou com um tiro certeiro aquele que está ao nosso redor desprevenido. E a gente não precisa estar em guarda até dormindo, como num campo de batalha.
Hoje perambulei sozinha com a verdade por lugares desconhecidos reconhecendo minha distração.
Abstraio mas não traio. Ainda não desisti do propósito de falar só de coisa boa que nem aquela mulher de voz trêmula que faz propaganda de iogurteira.
Até sumir do mapa, morrer, virar moradora da última caverna não habitada do planeta ou fingir que tudo está bem quando não está, pode ser uma coisa boa, desde que alguém viva melhor por causa disso. Desde que exista algum sobrevivente.
Quero fugir pra um outro lado em busca de ficar melhor, ser melhor, porque o pior a nossa cara estapeada já sabe de cor.
]bw[

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