sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

VOCÊ PRECISA ENTENDER QUE O MUNDO MUDOU!

Várias pessoas que leem meus textos e acompanham os comentários já perceberam que sofro assédios nauseantes de um sem número de senhores repugnantes que frequentam meu feicibuque.
Mais uma vez, vou comentar o fato pois não sou só eu, claro, que passo por isso.
Não sei quanto às outras mulheres, mas sinto um nojo tão profundo que não dá pra traduzir em palavras. É a mesma sensação que nos vem quando algum estranho passa a mão na rua. É um misto de ódio, náusea e impotência. Triste demais.
Me constranjo, fico me policiando quando redijo um texto, reviso várias vezes ou deleto quando percebo que geram comentários que parecem diálogos de filme pornô dos anos 1970. 
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Eu não tinha que explicar isto, mas ontem, quando teci comentários sobre os caras me azarando no supermercado porque eu estava sozinha de minissaia as onze da noite comprando vinho, fiz uma crítica, uma piada sobre o fato de muitos homens não terem ainda desembarcado em 2017. 
Estava rindo da cara dos homens e não pedindo cantadas baratas nos comentários ao post.
Também, se escrevo um texto sobre a sensação de sair sozinha de carro à noite escutando música e cantando pela cidade, não tem entrelinhas, é uma coisa que faço há anos quando quero ficar c o m i g o, bem feliz, pois eu me amo e a d o r o minha companhia. 
Não estou procurando homens pelas ruas ou na internet. 
Não sou de comentar minha vida pessoal, então não sei de onde tiraram que estou procurando namorado ou um sexo casual. Não entendo os convites insistentes de alguns homens horrorosos pra sair no sábado, como se eu por acaso, só porque não posto selfies bregas agarrada num dono não tivesse com quem sair no sábado!!
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De uma vez por todas, quando estou sozinha não é porque não tenho sexo no meu lindo lar-ateliê que vocês nunca poderão conhecer, mas simplesmente porque não sou propriedade de ninguém e foi-se o tempo que uma mulher tinha que andar 24 horas por dia com um dono levando-a pela coleira pra que não ser assediada. Mas que história é essa de me tratarem como uma mulher que, por não expor um status de relacionamento, não exige que vocês metam seus rabos no meio das pernas?
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Isso que vocês fazem senhores, essas piadinhas metidas a elogios, são abusos que atrapalham imensamente a tranquilidade da gente, tiram o direito de ser o que somos, de brincar, de rir. 
É muito ruim ter que cuidar tudo o que se diz pois algum senhor desesperado sem tratamento psicológico pode pensar que é uma mensagem direta pra ele.
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Alguns agem inbox e são de uma insistência inexplicável diante do silêncio. Talvez dentro da lógica dos abusadores, se você cala é porque consente ou está se fazendo de difícil.
Outros ficam com piadinhas em comentários públicos que eu deleto sem pedir licença, pois não sou obrigada... 
Mas como são muitas pessoas e comentários, às vezes demoro pra ver que alguém passou da linha do respeito, então fico profundamente envergonhada quando percebo que algo nojento está por horas ou dias entre as reações e antes de eu deletar alguém já leu e resolveu andar também pelo viés dos mal amados (que são aqueles homens que ainda não entenderam que internet é vida real, não um enorme chat pra buscar um sexo virtual enquanto a sua senhôra ressona).
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Não estou dizendo que caras mais novos também não sejam inconvenientes e despreparados para a naturalidade no relacionamento interpessoal, como se não fosse natural andarmos por aí vendo que existem pessoas de todos os gêneros e o mundo não é um imenso puteiro cheio de meninas e meninos à disposição das suas mãos e teclados lamacentos. 
Mas, infelizmente, precisamos assumir que os senhores de mais de 50 anos, quando resolvem se expor ao ridículo são imbatíveis. 
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Quando eu era pequena, minha mãe vivia reclamando disso. Não tinha internet naquela época, mas os vizinhos mais velhos eram como os de hoje, mesmo sabendo que ela era uma moça casada, na dela com seus filhos, vinham abordá-la com elogios (eles juram que assédio é um elogio brincalhão) e ela sofria muito com isso, mas acho que não comentava com meu pai e nem comentava com as amigas, pois muito provavelmente eram as esposas dos tais vizinhos. Sofria quieta, mas os tempos mudaram e eu comento porque isso pode ajudar de algum modo.
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Não sejam tarados abusivos, não venham com a velha desculpa de que o meu modo de escrever ou vestir é o problema pois o problema é a sua interpretação abusiva.
Se escrevi algo que lhe pareceu uma insinuação, seja menos egocêntrico; se usei minissaia e acha que só pode ser porque quero dar pra você, procure um terapeuta; se fui no supermercado sozinha comprar um vinho e só por isso você pensa que eu estava caçando, você está se tornando perigoso; se eu escrevo que saí de carro sozinha escutando música e você interpreta que fui em busca de um homem, se enfie numa camisa de forças.
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Não senhores, ninguém está procurando vocês. Possivelmente nem a esposa de vocês os quer e já tá preparando as malas faz horas pra ir embora com um cara que vive no nosso século.
E quando eu escrevo que alguns homens ficaram com os olhos em cima de mim porque eu fui no super de minissaia toda linda buscar um vinho, eu não estava me sentindo lisonjeada porque estar linda é uma contingência que independe de vocês. 
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Ninguém é bonita pra vocês, tirem essa idiotice da cabeça! Ninguém sequer nota vocês, tanto que precisam vir na internet fazer comentários horrorosos em textos de minas livres.
Nós somos bonitas quando estamos realizadas e felizes, somos bonitas pra nós mesmas.
Quanto a mim, ainda estou puta da vida com as reações ao meu texto de ontem, não preciso usar uma merda de um super mercado pra arrumar sexo pois sou tão maravilhosa que minhas relações pessoais são duradouras, saudáveis, lindas e se dão de modos não desesperados. 
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E não esqueçam, busquem uma terapia senhores, virem gente, desembarquem em 2017 ou abandonem o barco e vão viver em outra dimensão.
biAhweRTher

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